Vista da cidade de Niterói, que completa 450 anos Renan Areias/Agência O Dia
"Niterói é meu país" é, inclusive, uma frase usada por moradores, com frequência, quando se trata da cidade. Em meio aos problemas do dia a dia, os niteroienses defendem sua terra como ninguém.
O carinho pela Cidade Sorriso, no entanto, não é só expressado apenas pelos nascidos no município, mas também por aqueles que vieram de fora e encontraram na cidade um lugar para chamar de lar. Como é o caso do aposentado, Isaías Alves, de 67 anos, morador do Ingá, Zona Sul de Niterói, que passeava pela orla da Praia de Icaraí, na mesma região, na manhã desta terça-feira (21).
"Eu vim de Belford Roxo, na Baixada, e já moro aqui há um ano e meio. Vim por causa da qualidade de vida, é bem melhor! Costumo passear na orla todos os dias e apreciar a paisagem", conta.
Morando na cidade há 40 anos, aposentado Roberto Magalhães, 68, revela ter adotado a região como sua terra natal.
"Eu gosto muito de Niterói, adotei como sendo a minha cidade. Eu sou do Rio, mas casei e vim morar aqui. Gosto muito de onde eu moro, de estar perto da praia para fazer minhas atividades físicas. A qualidade de vida é muito boa, já foi melhor, mas nesses 40 anos o país todo teve uma grande degradação. Apesar disso, ainda assim, pra mim hoje é uma cidade muito boa mediante as cidades do Rio", destaca.
Roberto fazia corridas pela manhã com a mulher, a também aposentada Elisa Magalhães, que saiu de São Gonçalo com 8 anos e desde então nunca mais se mudou de Niterói. "O que eu mais gosto é o clima e a qualidade de vida", diz.
O casal Paulo Afonso e Fabiano de Santana, que hoje mora no interior da Bahia e estava de passagem pela cidade, falou do amor pelo município e suas paisagens. Paulo, que nasceu e cresceu em Niterói, conta que a região tem um espaço especial no seu coração.
"Minha família ainda mora aqui, então venho com frequência. Eu sou até suspeito para falar de Niterói porque faz parte da minha infância, da minha formação, da minha vida. Niterói é o melhor dos dois mundo, tem tudo o que é esperado em uma cidade grande, está perto da capital, mas ainda tem algumas coisas com cara de cidade do interior. Então acho que ela tem essa característica de juntar o bom de uma cidade grande e uma do interior", elogia.
Já Fabiano conta que se apaixonou pela cidade desde a primeira vez que a conheceu. "Eu sou apaixonado, é a terceira vez que venho a Niterói. Mas desde a primeira vez eu fiquei apaixonado. Quando ele fala pra gente vir aqui eu nem penso duas vezes", exalta.
Os dois pretendiam curtir o show da Marisa Monte em comemoração ao aniversário da cidade, que aconteceria no último sábado (18), mas foi cancelado por conta das fortes chuvas. Apesar de não terem conseguido assistir a apresentação, os dois fizeram questão de tirar fotos no letreiro "#Eu amo Niterói".
A Cidade Sorriso atrai muitos admiradores, e um deles foi o ator Paulo Gustavo (1978-2021). Natural de Niterói, ele costumava frequentar o Campo de São Bento e a Confeitaria Beira Mar, em Icaraí. O trajeto, entre os dois lugares agora é feito por muitos turistas.
Após a morte do artista, por covid-19, uma das ruas mais conhecidas do município, a Coronel Moreira César, no bairro de Icaraí, passou a se chamar Ator Paulo Gustavo. Na via, está localizada a Beira Mar, fundada em 1942 e considerada uma das melhores da cidade.
No local há uma placa em homenagem ao humorista, que traz a sua biografia e fala de sua relação de amor com Niterói. A confeitaria também foi cenário do filme "Minha Mãe é uma Peça 2". E é neste local que, no início do longa-metragem, dona Hermínia (Paulo Gustavo) e a irmã, Iesa (Alexandra Ritcher), fazem compras, falam sobre os filhos, e encontram dona Lurdes (Malu Valle), vizinha de Hermínia.
Sócia-diretora da empresa, Maria Célia conta ao DIA que a empresa é de família e passa por gerações. Além disso, ela relembra os momentos de Paulo Gustavo no local.
"A gente é uma empresa desde 1942, começou pelo meu avô, meu pai, eu e já tá na quarta geração que é minha filha. A gente sempre acompanha os movimentos da cidade para ficarmos atualizados. A gente vem crescendo procurando por qualidade, que é a nossa marca. O filme foi gravado aqui, até participei, foi incrível. Ele era uma pessoa muito especial, a família dele são clientes nossos até hoje", lembra.
Como moradora de Niterói, ela ainda considera a cidade como sua casa. “Eu nasci aqui, a empresa foi criada aqui, tenho um carinho muito especial por Niterói, me sinto em casa. Por ser uma cidade menor, então todo mundo se conhece, tem clientes assíduos aqui. A Beira Mar faz parte da vida das pessoas”, elogia.
Um dos funcionários mais antigos, o gerente Roosevelt de Oliveira, 48, conta que trabalha no local há 30 anos e que Niterói foi onde nasceu, cresceu, estudou e vive até hoje.
"A Beira Mar representa uma história. Sou morador de Niterói, vinha aqui quando criança e depois comecei a trabalhar. E assim como a confeitaria é referência na minha vida, é para a cidade. Niterói é uma cidade modelo, que a gente tem prazer de morar, tem atrações, turismo, inclusive, recebemos muito turistas aqui."
Outra funcionária do estabelecimento, do setor do restaurante, Cilesia dias, 48, revela o que mais Paulo Gustavo gostava de pedir. "Ele era muito agradável, uma pessoa simpática, vinha sempre aqui, tomava café da manhã e sopa de queijo à noite. A confeitaria virou um ponto turístico por causa do Paulo Gustavo e não só ele, mas outros artistas ainda vêm aqui."
Outra curiosidade, segundo os funcionários Patrícia Gomes, 39, e Otávio Daniel da Silva, 21, é que o bolo de casamento é uma das guloseimas mais vendidas.
História
Niterói é a única cidade do Brasil fundada por um indígena, o cacique temiminó Araribóia, que em tupi-guarani significa "Cobra da Tempestade". Isso porque temendo novo ataque estrangeiro após a invasão francesa (1555), o governador-geral Martim Afonso de Souza, ofereceu a Araribóia, em 1568, a concessão das terras (correspondentes à maior parte do atual território de Niterói) anteriormente pertencentes a Antônio Martins. A aldeia fundada por Araribóia, com a posse solene, em 1573, recebeu a denominação de São Lourenço dos Índios.
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