'Perseguição contra a nossa famÃlia', afirmaram Rosinha e Anthony GarotinhoReprodução/Redes Sociais
Rosinha Garotinho é alvo de operação contra fraude na previdência de Campos
Investigações apontaram prejuízo de R$ 383 milhões aos cofres públicos. Ação cumpriu 18 mandados de busca e apreensão
Rio - A ex-governadora do Rio, Rosinha Garotinho, foi alvo da Operação Rebote da Polícia Federal, nesta terça-feira (28), por suspeita de fraude no Instituto de Previdência (PreviCampos) de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Os cerca de 80 agentes que participaram da ação cumpriram 18 mandados de busca e apreensão na casa dela, no bairro da Lapa, e em endereços ligados agentes públicos, políticos e empresas de consultoria na cidade, na capital fluminense, além dos municípios de São Paulo e Santos.
As investigações da Polícia Federal apontaram que as fraudes aconteciam por meio de uma empresa de consultoria que realizava o lobby entre os fundos de investimento e com os diretores e responsáveis pela PreviCampos, que desviaram dinheiro mediante as chamadas "compras de títulos podres". O prejuízo ao fundo de previdência foi de aproximadamente R$ 383 milhões. A operação pretendia recolher provas para a apuração e localizar bens passíveis de sequestro, para futuro ressarcimento aos cofres públicos.
Em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, Rosinha e o marido, o também ex-governador e ex-prefeito de Campos dos Goytacazes, Anthony Garotinho, leram a decisão que autorizou a busca e apreensão, justificando que ela foi a responsável, à época, por indicar gestores e membros do comitê do Instituto de Previdência, "aparentemente, sem qualquer conhecimento sobre investimentos para os exercícios das funções".
"Não existe esse crime de indicar incompetente, aqui não é nem esse, é aparentemente. Gente, isso é um absurdo, onde é que nós vamos parar?", disse o ex-governador. "Isso é um achismo, dizer que aparentemente as pessoas possam não ser qualificadas é um achismo, não é nem um afirmação", completou a ex-prefeita. Rosinha diz ainda que indicações para o PreviCampos não são de competência do prefeito, mas feitas pelo Sindicato e funcionários da prefeitura, por se tratar do fundo de previdência dos servidores municipais.
No vídeo, Rosinha e Anthony afirmam ainda que o autor da denúncia feita à PF em 2017 é o ex-prefeito de Campos dos Goytacazes e adversário político, Rafael Diniz, e disseram ainda estar sofrendo perseguição política. "É para fazer mais um escândalo, mais uma perseguição contra a nossa família", declarou ela. "Eu não quero citar nomes mas, aparentemente, isso parece política. Estamos entrando em ano eleitoral, todo mundo sabe que nosso filho é o prefeito, todo mundo sabe que ele é favorito para vencer a eleição (...) Parece uma intimidação, mas eu quero mandar um recado: não vão me intimidar", disse Garotinho.
O casal relatou que os agentes apreenderam laptops e pendrives com músicas e receitas durante as buscas. Em nota, a defesa de Rosinha Garotinho informou que "os supostos fatos que 'justificaram'" a busca e apreensão teriam ocorrido há cerca de dez anos e que a única explicação para o que aconteceu foi criar um constrangimento para a família. "Não queremos acreditar que isso seja retaliação ou intimidação política". O advogado Rafael Faria ressaltou também que "a única questão imputada a ex-prefeita Rosinha é dela ter indicado pessoas sem qualificação técnica para a diretoria e conselho da PreviCampos".
Prisões de Rosinha e Anthony Garotinho
Rosinha Garotinho foi governadora do Rio entre 2003 e 2006 e prefeita de Campos dos Goytacazes por dois mandatos, entre 2009 e 2017. No último ano à frente da gestão municipal, ela foi presa junto com o marido, alvos da Operação Caixa D'água. Os dois eram suspeitos de arrecadação ilegal de fundos de campanha eleitoral. O casal foi solto, mas voltou para prisão por breve período, dois anos depois, em novembro de 2019, acusados de superfaturamento na prefeitura.
Garotinho e Rosinha eram investigados pelos valores altos que constavam em contratos entre a prefeitura e a construtora Odebrecht, direcionados ao programa habitacional do município chamado "Morar Feliz", construído entre os anos de 2009 e 2016. Em junho deste ano, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), considerou nulas as provas apresentadas contra o casal e suspendeu a ação penal. Os políticos são pais do atual prefeito de Campos, Wladimir Garotinho, e da ex-deputada federal, Clarissa Garotinho.
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