Publicado 25/12/2023 08:43
Rio - Luiz Antônio da Silva Braga, mais conhecido como Zinho, é o chefe da maior milícia que atua no Estado do Rio de Janeiro. Ele se entregou à Polícia Federal na tarde deste domingo (24), véspera de Natal.
Zinho era considerado o criminoso mais procurado do Rio e estava foragido desde 2018. Em sua ficha criminal, ele soma 12 mandados de prisão por diferentes crimes. O miliciano se entregou após fazer negociações durante uma operação conjunta da Secretaria de Estado de Segurança e da Superintendência da Polícia Federal do estado.
Na última terça-feira (19), a PF e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) realizaram a segunda fase da Operação Dinastia, que teve como objetivo prender Zinho e outros 11 integrantes de seu 'bando'. Cinco pessoas foram presas em bairros da Zona Oeste, 4 armas foram apreendidas, além de R$ 3 mil em espécie e celulares, computadores e outros aparelhos eletrônicos. Nos últimos meses, a PF realizou diversas outras operações na tentativa de prender o miliciano.
Zinho comandou recentes ações criminosas que pararam a Zona Oeste após a morte de seu sobrinho, Matheus da Silva Rezende, vulgo Faustão, em outubro deste ano. Faustão morreu durante uma troca de tiros com policiais civis na comunidade Três Pontes, em Santa Cruz.
Na ocasião, em apenas um dia, a cidade do Rio teve o maior número de ônibus queimados de sua história, segundo dados da Rio Ônibus. Segundo o sindicato, foram 35 veículos queimados, sendo 20 da operação municipal, cinco BRTs e outros 10 de turismo e fretamento.
Como se tornou líder?
Zinho assumiu a liderança da milícia que atua em Campo Grande, Santa Cruz e Paciência em 2021, dois meses após a morte de Wellington da Silva Braga, o Ecko, seu irmão e antigo líder do bando.
Wellington foi um dos responsáveis por expandir os domínios da organização fundada por outro irmão, Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, que morreu em 2017. Ambos faleceram após confrontos com policiais.
Antes de se tornar líder, Zinho integrou a organização ao ficar encarregado da contabilidade do grupo, ficando ligado a atividades de lavagem de dinheiro.
Ele é um dos sócios da Macla Extração e Comércio de Saibro, empresa de extração de areia e saibro em Seropédica, na Baixada, com sede no Recreio. Segundo a polícia, a Saibro teria faturado R$ 42 milhões entre 2012 e 2017 e era usada para lavar o dinheiro da milícia.
Histórico com a polícia
Zinho já foi preso em 2015 pela Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) do Rio. Na época, ele estava acompanhado de dois seguranças, mas foi solto no mesmo ano no Plantão Judiciário.
Em agosto de 2018, Zinho foi alvo de uma operação da Polícia Civil que tentou efetuar sua prisão em um sítio no Espírito Santo, porém, ele conseguiu fugir pela mata e se tornou foragido. Na ocasião, apenas o celular dele foi apreendido.
No ano seguinte, em janeiro de 2019, o Núcleo de Combate ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro da Polícia Civil realizou o sequestro da mansão do criminoso, localizada na Barra da Tijuca. O imóvel estava avaliado em R$ 1,7 milhão.
Após assumir a milícia, em 2021, Zinho passou a ser alvo de diversas operações, tanto da Polícia Civil como da Federal, além de se tornar um dos criminosos mais procurados do Rio de Janeiro.
Rompimento de aliança e guerras
Ao assumir a liderança do grupo, Zinho acabou rompendo com algumas alianças antigas. Um deles é Danilo Dias Lima, o Tandera, considerado seu principal rival atualmente. No passado, Zinho controlava boa parte da Zona Oeste do Rio e Tandera, áreas da Baixada Fluminense. Com o rompimento da aliança, os dois passaram a travar uma guerra sangrenta por territórios.
Neste ano, a região da Zona Oeste se tornou palco de uma longa disputa por território entre traficantes do Comando Vermelho (CV) e milicianos. Durante a guerra, diversos integrantes das milícias chefiadas por Zinho, Tandera e Alan Ribeiro Soares, o Nanan, perderam a vida. Os três grupos milicianos também disputavam entre si o domínio das áreas.
Investigações apontam que Nanan era um dos homens de confiança de Wellington da Silva Braga, o Ecko. Mas após a morte do miliciano, foi Zinho quem assumiu a milícia, dividindo o grupo.
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