Pastor Ângelo Ventura Siqueira foi preso por abusar sexualmente de fiéisDivulgação / Polícia Civil

Rio - O subsecretário municipal de Assistência Social, Cidadania e do Combate à Fome de Belford Roxo, Ângelo Ventura Siqueira, de 50 anos, preso na sexta-feira (19), por estupro de vulnerável e violação sexual mediante fraude, foi exonerado do cargo. A decisão foi publicada no Diário Oficial do município nesta terça-feira (23).  
O homem é acusado de abusar sexualmente de mulheres acolhidas pela igreja Ministério Terra do Deus Vivo, em Belford Roxo, onde atuava como pastor. Segundo as investigações, pelo menos três vítimas foram abusadas entre os anos de 2010 e 2021. 
A Polícia Civil informou que os relatos das vítimas mostraram que o homem usava a doutrina evangélica para cometer os abusos sexuais. Os alvos de Ângelo eram mulheres com a família desestruturada, sem figura paterna ou que estivessem passando por um momento conturbado. "Ele se aproveitava da fragilidade emocional para se aproximar e convencê-las a saírem de suas casas e residirem em um anexo da casa dele", afirmou a nota da polícia.
Uma das vítimas disse que permitia as carícias e atos sexuais, pois se sentia coagida, já que Ângelo dizia que, como autoridade espiritual, não poderia ser questionado. De acordo com a Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de São Gonçalo, ele chegou a agredir essa mulher quando ela não quis mais ter relações sexuais. O pastor afirmava que era uma espécie de "pai" para seus fiéis, em especial para as mulheres que ele acolhia em sua igreja. Ângelo Ventura usava, inclusive, a expressão "paistor".
Nos relatos, as vítimas disseram que os abusos começavam com a questão do "carinho paterno". Ainda segundo a polícia, ele justificava os abusos como ensinamentos e que aqueles atos serviriam para orientar as vítimas em suas vidas com seus futuros maridos. O homem também distorcia a função do gabinete pastoral, local utilizado nas igrejas evangélicas para aconselhamento, para ter contatos íntimos com as mulheres. Elas relataram que Ângelo usava a nomenclatura de "gabinete pastoral" para encontros em lanchonetes, shoppings, praias e até no carro dele.
De acordo com a polícia, nesses encontros, ele oferecia vinho às vítimas e se aproveitava para deixá-las vulneráveis aos abusos. O pastor perguntava sobre as intimidades e passava a acariciá-las, sempre dizendo que aquilo não era "pecado".
Ângelo Ventura foi preso no bairro Posto 13, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Ele foi denunciado por abusar das três vítima, sendo uma por estupro de vulnerável e as outras por violação sexual mediante fraude. A reportagem tentou contato com a igreja Ministério Terra do Deus Vivo, mas ainda não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.