Especialistas informam que onda da doença está relacionada às altas temperaturasReprodução/Internet
Ao DIA, o infectologista Rivaldo Venâncio, da Fiocruz, falou sobre as possíveis causas do aumento repentino dos casos de dengue. "Em primeiro lugar, temos que considerar o calor extremo e o crescimento da temperatura média durante esses meses de dezembro e janeiro. Associado ao aumento da temperatura estão as chuvas, e aliado a esses dois fenômenos temos os crônicos problemas de cuidado com o ambiente vistos no Rio. Um exemplo é a falta da coleta do lixo urbano, o que acaba deixando expostos objetos que podem acumular água e se tornarem potenciais criadouros do Aedes aegypti. Também falta uma mobilização para que a população cuide do seu quintal para evitar o acúmulo de água e cobre do poder público que assuma suas responsabilidades", destacou.
Segundo boletim divulgado nesta quarta-feira (31) pela SES-RJ, a doença avança com mais velocidade em cidades menores e mais próximas aos estados de Minas Gerais e São Paulo. Na Região Serrana, o número de casos está 14 vezes acima do esperado para o período, na Metropolitana (Capital e Baixada Fluminense), dez vezes maior. Já na Baía de Ilha Grande e no Centro-Sul Fluminense, são nove vezes mais casos do que o esperado.
"Vai ser necessário uma série de ações, incluindo vacinação e pronto atendimento. A dengue é uma doença de letalidade muito baixa se tratada previamente, mas não é zero . Calcula-se cerca de uma morte por 10 mil casos, mas poderia ser menos com tratamento prévio adequado. O caminho principal é montar postos de atendimento e orientação da população. Deve-se alertar que, qualquer caso febril deve ser encaminhado mais rapidamente a um posto de saúde. Outro ponto importante é não deixar de retornar ao posto para acompanhamento caso essa tenha sido uma indicação do médico, pois a doença pode progredir e pode ser tarde demais", alertou o infectologista Marcos Lago, do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe).
A taxa de letalidade da doença em 2024 segue sendo 0,01%. Já foram registradas 794 internações. Divulgado semanalmente pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da SES, o panorama da dengue aponta que a quantidade de casos pode ser ainda maior.
Plano Estadual de Combate à Dengue
O programa 'Contra a Dengue Todo Dia!' foi lançado na sexta-feira (26) e envolve o uso de tecnologia, qualificação e apoio aos 92 municípios do estado. O Governo do Rio comprou equipamentos e insumos que estão sendo distribuídos aos municípios com maior incidência de casos, para a montagem de até 80 salas de hidratação, que terão capacidade para atender, ao todo, até 8 mil pacientes por dia. O investimento é de R$ 3,7 milhões.
A SES também está treinando 2.000 médicos de emergências e profissionais de saúde dos 92 municípios para garantir o diagnóstico mais preciso e o tratamento correto, como também a capacitação no atendimento às gestantes infectadas. Além disso, 160 leitos de nove hospitais de referência do estado poderão ser convertidos, inicialmente, para tratamento da dengue, como foi feito na covid-19.
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