Presos foram conduzidos para a Cidade da Polícia nesta quarta-feira (27)Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Segundo investigações da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), a estimativa é que, em um ano, o grupo criminoso já tenha causado prejuízo de mais de R$ 1,5 milhão às empresas. A ação tem como objetivo o cumprimento de sete mandados de prisão e nove de busca e apreensão.
A investigação teve início em janeiro deste ano, após uma transportadora que foi roubada ter relatado que um de seus motoristas teria retirado uma carga de alto valor da empresa e não a entregou aos destinatários. A empresa, então, realizou uma auditoria e constatou que, além desse motorista, outros funcionários também estavam envolvidos no grupo criminoso e tinham agido da mesma forma.
Os agentes descobriram a existência de um grupo criminoso dos municípios de São João de Meriti e Belford Roxo que aproveitava a fragilidade no processo de contratação de motoristas parceiros. A quadrilha fazia cadastros de candidatos utilizando telefones e comprovantes de residências falsos. Após aprovação junto à empresa, a quadrilha iniciava os roubos.
"Inicialmente nós deflagramos essa operação chamada Rota Burlada, uma investigação que durou dois meses e meio de trabalho aqui na DRFC, contra uma especializada em desviar carga de transportadoras. Então, ao longo desta investigação, nós conseguimos apurar que eram capitaneados e aliciados motoristas para que fizessem esse tipo de rota desviada dos destinatários oficiais. Eles criavam mecanismos como carimbos, falsificação de assinaturas, como se eles tivessem conseguido entregar essas mercadorias nos locais oficiais, mas na verdade eles entregavam em outros, em galpões para poder vender", explicou.
Em sua maioria, eram roubados produtos de gênero alimentício pela facilidade na revenda. Os principais compradores eram pequenos mercados, feiras livres e ambulantes.
A investigação revelou ainda que os motoristas deixavam de transportar as cargas para seus destinos, levando para pontos determinados pelo grupo, onde essas mercadorias eram pulverizadas. Os funcionários retornavam à empresa com os recibos de entrega das mercadorias, mas, após algum tempo, o destinatário entrava em contato com a transportadora alegando não ter recebido o material.
Quando questionados, os motoristas alegavam que tinham efetuado a entrega, porém não voltavam a atender as ligações. Em outros casos, os motoristas diziam que tinham sido roubados, e faziam falsos registros de ocorrências em delegacias.
Segundo apurado, os motoristas, em sua maioria vindos dos municípios de origem da quadrilha, recebiam entre R$ 500 e R$ 1 mil, dependendo da quantidade de carga desviada.
Para os roubos, a quadrilha preferia carregamento de alimentos e produtos de baixo valor agregado, que não costumam ter rastreador e são de fácil pulverização. Esses produtos eram vendidos para comerciantes de pequenos estabelecimentos ou de feiras, como as de Acari, Honório Gurgel, São Cristóvão e Jardim América.
Cinco integrantes do grupo criminoso já haviam sido presos, o que motivou o aliciamento de novos motoristas para o esquema. Eles respondem por estelionato, receptação, associação criminosa e falsidade ideológica.
As investigações seguem para identificar outros membros da quadrilha, além das pessoas que adquiriram essas mercadorias.
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