Publicado 24/03/2024 09:14 | Atualizado 24/03/2024 11:25
Rio - "A maior surpresa nisso tudo é o nome do Rivaldo, pois minha filha confiava nele e no trabalho dele". Em entrevista à 'Globonews', da TV Globo, a mãe de Marielle Franco, Marinete da Silva, disse que a prisão do delegado Rivaldo Barbosa, acusado de receber propina para tentar obstruir as investigações do assassinato da vereadora e do motorista Anderson Gomes, foi uma "surpresa". Neste domingo (24), além do ex-chefe de Polícia Civil, a Polícia Federal prendeu Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, e Chiquinho Brazão (União Brasil), deputado federal do Rio, acusados de serem os mandantes do crime.
Marinete da Silva ainda disse que delegado Barbosa, à época do assassinato da vereadora, lhe garantiu que elucidaria o crime. "Um domingo para fazer justiça. A maior surpresa nisso tudo é o nome do Rivaldo. Ele falava que era uma questão de honra elucidar o caso", afirmou Marinete.
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, também comentou sobre as prisões. "Temos uma sensação de vitória, mas ainda não acabou. Para a gente, tendo uma surpresa com o nome do Rivaldo, vem como uma prorrogação, quando ainda tem jogo, o juiz não apitou e temos que esperar", disse a irmã de Marielle, ao programa 'Conexão Globonews'.
Nas redes sociais, o ex-deputado e atual presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo (PT), afirmou que conversou com Barbosa quando soube do assassinato. "Foi para Rivaldo Barbosa que liguei quando soube do assassinato da Marielle e Anderson. Ele era chefe da Polícia Civil e recebeu as famílias no dia seguinte, junto comigo. Agora, Rivaldo está preso por ter atuado para proteger os mandantes do crime, impedindo que as investigações avançassem", escreveu Freixo.
Neste domingo, a operação Murder Inc., da Polícia Federal, tem como alvos os autores intelectuais do crime de homicídio. Além dos três mandados de prisão preventiva, os agentes também cumprem 12 mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Relembre o caso
Preso desde 2019, o ex-policial militar Ronnie Lessa, autor dos disparos que mataram a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, citou o nome do deputado federal Chiquinho Brazão e do irmão, Domingos Brazão, em sua delação premiada, homologada nesta terça-feira (19), pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Uma das principais linhas de investigação sobre o caso está relacionada a uma disputa por terrenos na Zona Oeste. Em depoimento, Lessa teria informado que Marielle virou alvo depois de defender a ocupação de terrenos por pessoas de baixa renda e que o processo fosse acompanhado por órgãos, como o Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio e o Núcleo de Terra e Habitação, da Defensoria Pública do Rio.
De acordo com as investigações, o mandante do crime que deu fim a vida de Marielle e Anderson estaria buscando a regularização de um condomínio em Jacarepaguá sem considerar o critério de área de interesse social. O objetivo seria transformar a propriedade em especulação imobiliária.
Seis anos após a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes as investigações do caso seguem em andamento para descobrir o mandante e a motivação para os assassinatos. No início do mês, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Força-Tarefa do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o caso Marielle Franco e Anderson Gomes (Gaeco/FTMA), pediu à Justiça que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, seja julgado por júri popular.
Os investigadores apontam que Suel participou do plano do assassinato e monitorou a rotina da vereadora, além de ter ajudado os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, atirador e motorista respectivamente, no desmanche do carro usado na emboscada e do sumiço das cápsulas da munição. Lessa e Queiroz também vão a júri popular.
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