Maxell Simões Corrêa, o Suel, é réu no processo que investiga a morte de Marielle Franco e do motorista Anderson GomesArquivo / Agência O Dia
MPRJ pede que ex-bombeiro Suel vá a júri popular pela morte de Marielle
Promotores pedem a condenação de militar por dois homicídios qualificados e pela tentativa de homicídio contra a assessora da parlamentar
Rio - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da Força-Tarefa do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/FTMA), solicitou ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) que o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, seja julgado por júri popular pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Ele seria o terceiro acusado a ir a júri popular, uma vez
Os investigadores apontam que Suel participou do plano do assassinato e monitorou a rotina da vereadora, além de ter ajudado os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, atirador e motorista respectivamente, no desmanche do carro usado na emboscada e do sumiço das cápsulas da munição. Lessa e Queiroz também vão a júri popular.
O relatório com as conclusões finais do MP foi assinado pelos promotores Eduardo Morais Martins e Mario Jessen Lavareda. Os dois pedem a condenação de Suel por dois homicídios qualificados (motivo torpe, emboscada e impossibilidade de defesa da vítima) e pela tentativa de homicídio de Fernanda Gonçalves Chaves, assessora de Marielle, que também estava no carro na noite do crime.
A promotoria ainda pediu a manutenção da prisão preventiva do réu em presídio federal de segurança máxima. Maxwell foi preso e conduzido a uma unidade prisional fora do estado em 24 de agosto de 2023, na Operação Élpis.
"Não bastasse a existência de fortes indícios do essencial auxílio do acusado no 'pré-crime', tal como apontado pelo colaborador (Élcio Queiroz), comprovou-se que o auxílio de Maxwell à empreitada criminosa prosseguiu no 'pós-crime', na medida em que, sempre seguindo plano previamente ajustado entre os envolvidos, além de fornecer inegável ajuda aos executores para a obtenção de uma nova placa, bem como para a troca, destruição e desaparecimento daquela que anteriormente guarnecia o automóvel, juntamente com algumas das cápsulas dos projéteis, foi ele o responsável por contactar o indivíduo que fez desaparecer o Chevrolet Cobalt utilizado na empreitada", diz um trecho do relatório.
Segundo a delação premiada de Élcio Queiroz, o comparsa que assumiu a missão de desaparecer com o veículo usado no crime chama-se Edilson Barbosa dos Santos, conhecido como "Orelha". Ele trabalha como mecânico e foi preso pela Polícia Federal - em ação conjunta com o Gaeco - no dia 28 de fevereiro.
Suel entrou em contato com Orelha em 16 de março de 2018, dando ao mecânico a missão de livrar-se do veículo. Investigações dão conta que o automóvel foi destruído em um desmanche no Morro da Pedreira, na Zona Norte do Rio. O Cobalt teria sido entregue a 'Orelha' em uma praça na Avenida dos Italianos, em Rocha Miranda.
Ainda de acordo com Élcio, Orelha tinha uma agência de automóveis e já tinha sido dono de um ferro velho. Assim, ele tinha contato com pessoas que possuíam peças de carros. Foram os próprios executores do crime que, dois dias depois da emboscada, levaram Orelha até o local onde estava o veículo.
Relembre o caso
O nome de Maxwell foi citado por Élcio em delação premiada com a PF e com o MPRJ, ocasião em que deu detalhes do atentado. Élcio segue preso desde 2019, assim como o ex-policial reformado Ronnie Lessa, ambos denunciados pelo GAECO/MPRJ como executores.
Na delação, Élcio confessou que dirigiu o carro usado no ataque e confirmou que Ronnie Lessa fez os disparos. Maxwell teria ajudado a monitorar os passos de Marielle e participado, um dia após o crime, da troca de placas do veículo Cobalt, usado no assassinato, se desfeito das cápsulas e munições usadas, assim como providenciado o posterior desmanche do carro.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.