Morte de Marielle Franco completou seis anos neste mês de marçoRenan Areias / Agência O Dia

Rio - O ministro Alexandre de Moraes homologou, nesta terça-feira (19), a delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, preso por matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, para dar continuidade nas investigações. O avanço no processo foi divulgado pelo ministro de Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
Segundo Lewandowski, a delação premiada de Ronnie é um meio de obter provas e elementos importantes sobre o assassinato da vereadora. O crime aconteceu em março de 2018 e completou seis anos neste mês, mas até o momento não há informações sobre quem seria o mandante.
"Esta colaboração premiada obviamente tramita em segredo de Justiça. O ministro não teve acesso a ela, é evidente, mas nós sabemos que essa colaboração, que é um meio de obtenção de provas, traz elementos importantíssimos que nos levam a crer que brevemente nós teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco. O processo está agora nas mãos do competente Alexandre de Moraes que dará seguimento e certamente, em breve, teremos os resultados daquilo que foi apurado pela competentíssima ação da Polícia Federal, que em um ano chegou a resultados concretos nessa investigação", destacou o ministro.
Ronnie foi preso em março de 2019 e atualmente está detido em um presídio federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. As investigações apuraram que ele e o também ex-PM Élcio de Queiroz participaram do assassinato da vereadora e de seu motorista. A delação de Ronnie, inclusive, teria sido motivada depois da colaboração do comparsa, que deu mais detalhes das participações no crime.
Segundo Queiroz, Lessa tentou matar Marielle no final de 2017, meses antes do assassinato ser consumado de fato. Élcio afirmou que Ronnie planejava o crime desde o segundo semestre de 2017 e, durante a virada para o ano seguinte, a qual passaram juntos, ele teria confessado que tentou matar a vereadora semanas antes, mas o plano foi frustrado. 
Na ocasião, a ex-vereadora estava em um táxi no Estácio, região central do Rio, quando Lessa e o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, se aproximaram em um veículo - o mesmo utilizado no dia do crime -, mas não conseguiram realizar o assassinato. Ronnie teria contado que Suel hesitou.
A investigação do caso também constatou que Lessa fazia pesquisas sobre lugares que Marielle frequentava e os locais correspondiam à agendas diárias da parlamentar, como curso de inglês, faculdade e aula de pré-vestibular. Até mesmo um endereço pesquisado na Rua do Bispo, em Rio Comprido, região central do Rio, correspondia ao local onde a vereadora esteve em data próxima à sua morte, na casa do ex-companheiro.
Com a delação, Lessa pode ganhar alguns benefícios como a unificação do tempo total de sua pena, entre 20 e 30 anos, além de uma transferência para um presídio no Rio.
Outras prisões
O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, foi preso em agosto de 2023 durante a Operação Élpis. Ele é apontado como responsável pela vigilância da vereadora, além de ter ajudado Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz no desmanche do carro usado na emboscada e do sumiço das cápsulas da munição.
Segundo a delação premiada de Queiroz, Suel entrou em contato com Edilson Barbosa dos Santos, o Orelha, dando a missão para ele se livrar do veículo. Investigações dão conta que o automóvel foi destruído em um desmanche no Morro da Pedreira, na Zona Norte do Rio. O Cobalt teria sido entregue a 'Orelha' em uma praça na Avenida dos Italianos, em Rocha Miranda. 
O MPRJ pediu neste mês que Suel vá a júri popular. Ele seria o terceiro acusado de envolvimento no crime a passar pelo Tribunal do Júri. A promotoria ainda pediu a manutenção da sua prisão preventiva em presídio federal de segurança máxima.
Já Orelha foi preso em 28 de fevereiro deste ano. O homem trabalhava como mecânico, tinha uma agência de automóveis e já tinha sido dono de um ferro velho. Assim, ele tinha contato com pessoas que possuem peças de carros. Foram os próprios executores do crime que, dois dias depois da emboscada, levaram Orelha até o local onde estava o veículo.