Bernardo Paraiso, de 24 anos, foi enterrado em Niterói nesta quarta-feira (10)Reprodução / Redes Sociais
Publicado 10/04/2024 12:30
Rio - O universitário Bernardo Paraíso, de 24 anos, que morreu durante troca de tiros entre milicianos rivais em Seropédica, na Baixada Fluminense, foi enterrado na manhã desta quarta-feira (10), no Cemitério Parque da Colina, em Niterói, na Região Metropolitana do Rio. Amigos e familiares estiveram no velório do jovem para a despedida. O rapaz era aluno da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e estava em frente a um supermercado próximo à instituição quando começou o confronto.
Morador de Niterói, o universitário estava prestes a terminar o curso de Ciências Biológicas. A graduação seria no final deste ano. Fã do gênero musical KPop, originado na Coreia do Sul, Bernardo gostava de dançar e nas redes sociais, compartilhava coreografias do estilo musical.
A vítima era filho do médico Rogério Paraiso, coordenador geral do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da Região Metropolitana II, que abrange as cidades de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Tanguá, Rio Bonito, Silva Jardim e Maricá. Nas redes sociais, o Samu lamentou a morte de Bernardo e se solidarizou com os pais e familiares do rapaz. "Neste momento de dor, nos unindo ao luto do pai, prestamos nossos mais sinceros sentimentos a toda família", diz trecho da publicação.
A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica estendeu a suspensão das aulas até a próxima sexta-feira (12) devido ao tiroteio que matou o aluno Bernardo Paraíso. Na terça-feira (9), um dia após o confronto, as atividades também foram suspensas.
Segundo a Polícia Militar, grupos rivais entraram em confronto na Antiga Estrada Rio-São Paulo (BR-465), no Km 49, em uma área de intenso movimento, por volta das 15h30. Alguns milicianos usavam roupas camufladas e seguravam armas de grosso calibre.
Além do jovem, um bebê de um ano, uma menina de 3 anos e a mãe das crianças foram baleados. As vítimas foram socorridas e encaminhadas para o Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HPAPN), em Duque de Caxias, também na Baixada. A prefeitura da cidade informou que o pequeno e a mulher, identificada como Rosiane Claudino de Freitas, de 34 anos, já receberam alta.
A criança de 3 anos deu entrada na unidade com uma bala alojada na altura da coluna e outro projétil que entrou pelo ombro esquerdo e parou na região do tórax. A menina está sendo acompanhada pela equipe de neurocirurgia e ortopedia da unidade. Segundo a prefeitura, a criança está internada no CTI Pediátrico do HMAPN e respira sem ajuda de aparelhos. Ela passou por um procedimento de correção cirúrgica da fratura do braço esquerdo nesta terça-feira (9) e o quadro de saúde é considerado gave
Em nota, a Polícia Civil informou que o caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Segundo a corporação, diligências estão sendo realizadas para esclarecer a origem dos disparos que atingiram as vítimas e os respectivos autores.
Segundo a corporação, dois homens envolvidos no tiroteio foram presos em flagrante. Suspeitos de integrar milícia, Edson Jaci da Silva de Aquino e Cleber Barbosa dos Santos foram detidos por policiais civis e agentes do Programa Seropédica Presente, que também apreenderam um fuzil, duas pistolas, uma granada, dinheiro e dois veículos roubados.
De acordo com moradores, a região vive em constante conflito devido a disputa entre criminosos rivais que usam de extrema violência. Dentre os principais líderes que comandam grupos fortemente armados estão os milicianos Gilson Ingrácio de Souza Júnior, o Juninho Varão, Luiz Antônio Braga, o Zinho, e Jefferson Araújo dos Santos, conhecido como Chica.
A antiga Rodovia Rio-São Paulo, um dos principais pontos de atuação dos criminosos, liga a Avenida Brasil, corta a cidade de Nova Iguaçu e chega à Seropédica. O município é considerado uma área estratégica por causa da proximidade com a Rodovia Rio-Santos e com o porto de Itaguaí.
Entenda a disputa
Em Seropédica, a guerra entre grupos rivais se intensificou a partir março deste ano após o assassianato do miliciano Ricardo Coelho da Silva, de 38 anos, conhecido como Cientista, que assumiu a liderança da milícia da região, após a morte de Tauã Oliveira, o Tubarão. Agora, quem comanda o grupo é Juninho Varão.
Cientista morreu pouco mais de um mês depois de Tubarão, dentro de uma casa de festas na Rua Ponte Nova, no Tanque, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Segundo testemunhas, homens armados e encapuzados invadiram o local e foram direto na direção da vítima.

Por seu domínio em Seropédica e em parte da Baixada, Tubarão era apontado como um dos principais rivais do grupo de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, que está preso desde dezembro do ano passado após se entregar à Polícia Federal na véspera do Natal. Segundo investigações, seu sucessor é Rui Paulo Gonçalves Estevão, conhecido como Pipito.

Já o miliciano Chica, considerado braço direito de Tubarão e aliado de Juninho Varão, recentemente deu um golpe na milícia, roubou fuzis e se aliou à facção de traficantes. Agora, os três grupos, disputam o domínio da região.
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