César Gomes ingressou na bateria da Mangueira ainda criançaReprodução / Instagram

Rio - César de Souza Gomes, de 44 anos, que morreu nesta quarta-feira (1°) após ser atropelado por um ônibus na Rua São Francisco Xavier, Zona Norte, era ritmista da bateria da Mangueira. A escola de samba publicou uma nota de pesar nas redes sociais, e famosos e amigos lamentaram o ocorrido.


"Bateria da Mangueira presta solidariedade aos amigos e familiares por esta irreparável perda e rogamos para que Deus possa confortá-los nesse momento de grande dor, em que as palavras se apequenam e o espírito busca amparo na fé”, declarou. A agremiação também afirmou que César ingressou no grupo ainda criança, e, depois, se tornou integrante da "Mangueira mãe".
O sambista Ivo Meirelles, que arcou com os custos do sepultamento do ritmista, contou ao DIA que considera César como um filho. "Há 30 anos, retirei ele do tráfico para trabalhar comigo no Funk'n'Lata. Ele era carinhoso com todos, trabalhador, de uma índole invejável. Estou inconformado com essa tragédia", desabafa. 
No Instagram, Meirelles publicou um vídeo de um dia em que ele passeou com o amigo pelo Morro da Urca, na Zona Sul, afirmando que perdeu um "fiel escudeiro". Nas imagens, escreveu: "descanse em paz, Super Cezinha
Nos comentários da publicação da Mangueira, Evelyn Bastos, rainha de bateria da escola, reagiu à fatalidade: "meus sentimentos à toda família. Que tristeza!" A cantora Rosemary também lamentou o ocorrido e prestou condolências à família de César.

Marcelo Falcão, ex-vocalista do O Rappa, postou uma foto do ritmista nos stories, e, na legenda, expressou seu carinho. "Fiel de todos os fiéis, 'irmaozão', amigo, parceiro, honesto. Desfilava com ele do meu lado, até campeões fomos juntos. Meu mundo e a Mangueira choram. Te amo para sempre, irmão Maia".

César será sepultado no Cemitério do Caju, na Zona Norte, às 16h15 desta quinta-feira (2), no jazigo 728 da quadra 27. Não haverá velório. Joanice Florêncio, tia do ritmista, expressou, ao DIA, sua dor com o falecimento do sobrinho.
"Até agora, a empresa [de ônibus] não entrou em contato com a gente. Estamos lidando com tudo sozinhos, eu, meus sobrinhos e minhas filhas. César era uma pessoa tão boa, sempre ajudou a todos, um menino de ouro. Criou os sobrinhos como filhos. Que falta, meu filho, você vai me fazer para a família", declarou. 
O advogado Marcelo de Souza Andrade, de 56 anos, que está representando a família de César, contou que ainda não conseguiu retorno da companhia responsável pelo ônibus. "Falei com o advogado da empresa ontem, na delegacia, mas não puderam debater nada por ser feriado. Disseram que entrariam em contato a partir das 10h desta quinta, mas ainda nada."
Fatalidade

O ritmista foi atropelado no bairro do Maracanã, próximo ao viaduto da Mangueira, por um ônibus da linha 249 (Centro x Água Santa), da empresa Rodoviária Âncora Matias. De acordo com familiares, César estava trabalhando em uma oficina e foi arrastado pelo ônibus no momento em que fazia um reparo na própria moto.

O motorista foi conduzido à 25ª DP (Engenho Novo) para prestar esclarecimentos sobre as possíveis causas do acidente. Ao DIA, o delegado Geovan Omena, plantonista da delegacia, contou que o motorista disse em depoimento que teve um mal súbito e só despertou quando o acidente já tinha acontecido. O profissional requisitou as imagens das câmeras de segurança do ônibus para confirmar a versão.
Procurada, a Rio Ônibus declarou que "lamenta profundamente o ocorrido" e que "aguarda resultado de perícia técnica para entender a dinâmica do acidente."
O espaço segue aberto para pronunciamento da Âncora Matias. 
*Reportagem do estagiário Gabriel Rechenioti, sob supervisão de Marcela Ribeiro