Rio - A Polícia Civil investiga um caso de racismo que envolve alunos de uma escola particular de Niterói, na Região Metropolitana. Um menino, de 15 anos, foi chamado de "macaco" por outro adolescente, além de ser comparado a um animal preso em uma jaula de zoológico.
Em um grupo de WhatsApp, um dos integrantes enviou uma foto do rosto da vítima com uma mensagem o comparando com um bicho.
"Recentemente, este animal foi colocado na jaula de um zoológico. Foi feita uma pesquisa com os visitantes para tentarem adivinhar qual era o animal na jaula e os dados são impressionantes: 50% achou (sic) que era um macaco", diz o texto.
As ofensas continuaram sendo realizadas no grupo. "Que foto é essa? Está parecendo um macaco", escreveu um adolescente.
O caso foi denunciado pela mãe da vítima, Renata Motta Valadares. A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Niterói investiga o crime. Segundo a Polícia Civil, as diligências estão em andamento para identificar todos os envolvidos e apurar os fatos.
"Não é uma situação confortável, mas extremamente necessária. Agradeço demais aos amigos que me renovam as forças a cada dia para continuar. Peço a todos os amigos que reflitam sobre a importância dos debates e da educação antirracista dentro das famílias", escreveu Renata em sua rede social nesta segunda-feira (13).
O Conselho Tutelar do município também foi acionado para acompanhar a situação.
O que diz a escola?
O caso aconteceu no Colégio Pluz, localizado no bairro Serra Grande. Procurada, a direção da unidade disse que adotou medidas socioeducativas contra os envolvidos o que, segundo o colégio, é mais efetivo do que uma expulsão. Confira a nota completa:
"É com profundo compromisso com a igualdade e como respeito que o Colégio Pluz vem expressar seu firme repúdio a qualquer forma de discriminação racial e se solidariza com o aluno e sua família.
O fato ocorreu em um grupo restrito de WhatsApp (cinco alunos), fora do horário e ambiente escolar. Assim que tomamos ciência, comunicamos ao 2º Conselho Tutelar de Niterói e, em comum acordo, medidas socioeducativas foram impostas aos envolvidos. A direção entende que tais medidas são mais efetivas do que uma expulsão.
Queremos assegurar aos membros da nossa comunidade que medidas responsáveis são sempre tomadas para lidar com quaisquer atitudes de discriminação. Nossa equipe está treinada e preparada para abordar essas questões com sensibilidade, responsabilidade e atenção."
Números no estado
O último levantamento divulgado pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), em novembro do ano passado, mostrou que, em 2023, houve pelo menos 245 casos de discriminação racial no Estado do Rio. O número foi contabilizado apenas entre os meses de agosto e setembro.
A análise do perfil das vítimas revelou que a maioria é do sexo feminino, com idades entre 18 e 59 anos. A capital fluminense desponta como líder nas estatísticas, contabilizando 117 ocorrências, o equivalente a 47,7%, quase metade dos casos. Logo em seguida, estão os municípios de Nova Iguaçu, na Baixada, e Niterói, ambos com 15 (6,1%) registros.
Segundo o levantamento anual, ao longo de todo o ano de 2022 foram registrados 322 casos de preconceito de cor, raça, etnia e religião.
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