Um dos registros mais recorrentes é o furto de assentos das composições Divulgação

Rio - Um levantamento divulgado pela SuperVia, nesta quarta-feira (22), revela que houve um aumento de mais de 650% nos casos de vandalismo em trens do Rio em 2024. Foram 1.241 registros de janeiro a abril - com relação ao mesmo período em 2023 foram apenas 187 casos.
O prejuízo estimado pela empresa com todos os casos, que incluem janelas quebradas, pichações e furto de assentos, é de R$ 4 milhões. A SuperVia afirma também que as ações de vandalismo também podem impactar em atrasos nas viagens, causar acidentes sérios e refletir na percepção de manutenção e limpeza. 
De acordo com a SuperVia, uma composição pode permanecer na oficina por dois dias para a troca de um para-brisa vandalizado, ou até três meses, se o dano envolver cabos de alta tensão.

"Somente com a reposição dos assentos furtados, nós já gastamos mais de R$ 300 mil nos quatro primeiros meses do ano. Para evitar novos ataques, os bancos estão sendo substituídos por outros confeccionados em material de menor valor comercial. De uma forma geral, foram gastos mais de R$ 4 milhões para substituir equipamentos roubados e depredação de patrimônio. Não há negócio em nenhum lugar do mundo que se sustente desse jeito. Mesmo assim, mantemos a operação diariamente. Temos um compromisso com o transporte de passageiros", afirma o Gerente Executivo de Segurança da SuperVia, Marcus Almeida.
O ramal mais afetado por vandalismo é o de Deodoro, com mais de 30% do total das ocorrências. As estações com mais registros são: Maracanã, Madureira, São Cristóvão e Engenho de Dentro - todas com um alto índice de circulação de passageiros.
Ao longo do ramal Japeri também é alto o índice de casos, principalmente nas estações Nova Iguaçu, Ricardo de Albuquerque e Nilópolis.

Quando aos equipamentos e instalações mais vandalizados, a empresa registrou 62 ocorrências em banheiros de estações, 38 em fios de energia e 29 em cadeados. Portas, portões, placas, grades, lixeiras e câmeras também são alvo de depredação. Já nas composições, a SuperVia afirma ter 1.162 ocorrências de destruição de visores (em janelas e portas), entre outras ações criminosas.

Furto de cabos

Segundo a SuperVia, mesmo com queda nos casos, os furtos de cabos atrasaram viagens impactando em 320 mil passageiros. De janeiro a abril deste ano, foram 226 ocorrências do tipo com 12.121 metros de cabos retirados. No mesmo período de 2023, foram 292 ocorrências com 24.275 metros de cabos retirados.

Para reduzir os índices, a SuperVia está fazendo uma campanha nas suas redes sociais. Qualquer passageiro que presenciar qualquer ato criminoso, pode fazer uma denúncia, de forma anônima, acessando o QR Code estampado em cartazes espalhados nos vagões e nas plataformas.
Em três meses de funcionamento, o QR Code já recebeu quase 300 comunicações. Entre as questões mais denunciadas pelos passageiros estão casos de desordem urbana, segurança pública ou falta de cidadania, como atos de vandalismo (22), ambulantes (21), roubo ou furto (14), manifestação religiosa (13), evasão de renda (12), consumo ou tráfico de drogas (11), perturbação na viagem (8) e cambistas (6).

Iniciativa da empresa
Além da criação do QR Code para denúncias, a SuperVia anunciou outras ações para mitigar os casos vandalismo: Reposição dos cabos furtados por cabos de alumínio (de menor valor), na estação Maracanã; Instalação de grades/sistemas de proteção em equipamentos como postes e aparelhos de ar-condicionado; Instalação de dispositivos antifurtos para mitigar os furtos de cabos e acesso à cabine dos trens; Troca dos ralos de Engenho de Dentro, que eram de ferro, e agora são de concreto; Os vidros do elevador de Magalhães Bastos foram substituídos por drywall; Substituição de pára-brisas de vidro por policarbonato; Substituição do material dos assentos e encostos de alumínio por polímero; entre outras ações. 
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar não comentou o número de registros apresentado pela SuperVia, mas informou que  Grupamento de Policiamento Ferroviário (GPFer) realiza patrulhamento em toda a extensão da linha férrea, durante o horário de funcionamento das estações, para coibir esse tipo de delito.