Ação apreendeu três carros, fuzil, pistola, munições, celulares e computadores, além de uma mala de dinheiro Reprodução

Rio - Uma ação mirou, nesta quarta-feira (19), uma organização criminosa responsável pela distribuição de drogas em diversas regiões do país. A Polícia Civil fluminense apoiou o Departamento Estadual de Narcóticos (Denarc) paranaense na segunda fase da Operação Carga Fria, realizada junto com o Ministério Público do Paraná (MPRJ). Os agentes cumpriram 92 mandados judiciais, sendo 11 de prisão preventiva e 21 de busca apreensão, no Rio de Janeiro, Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo. 
No Rio, a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) atuou na região do Grajaú e do Lins de Vasconcelos, na Zona Norte. No início da manhã, houve confronto no Morro do Andaraí e, em uma rua que dá acesso à comunidade da Divineia, os agentes prenderam o jornalista Ricardo Lyra Ribeiro, diretor executivo dos jornais digitais Jornal Corporativo e Nação Brasil. Ele é apontado como responsável pela contabilidade e gerência das contas bancárias do esquema criminoso. 
Na casa do jornalista, foram apreendidos uma mala com dinheiro, uma pistola, três veículos, sendo dois deles de luxo, da marca BMW, além de celulares e computadores. A reportagem do DIA tenta contato com a defesa dele. O espaço está aberto para manifestação. Os agentes ainda estiveram no Morro do Fallet-Fogueteiro, entre o Rio Comprido e Santa Teresa, na Região Central. Segundo a Polícia Civil, na comunidade, um traficante armado com um fuzil foi baleado e socorrido, mas acabou morrendo. A arma foi apreendida.
No Rio Comprido, uma manifestação que incendiou caçambas de lixo interditou a Rua Barão de Petrópolis e criminosos sequestraram um ônibus para utilizarem como barricada. O Centro de Operações Rio (COR) informou que a via foi liberada no ínicio da tarde, mas que o policiamento segue reforçado. Segundo a Rio Ônibus, o veículo sequestrado também já foi retirado e a linha 133 (Largo do Machado x Terminal Gentileza) opera com desvio de rota na região. 
A ação também realizou buscas em 10 municípios dos outros estados, contra membros de um grupo que distribui drogas do Paraná para o Rio, Minas Gerais, Pernambuco e Rio Grande do Sul, suspeitos de organização criminosa, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e associação para o tráfico. Além do jornalista, um policial civil de São Paulo, afastado na primeira fase da operação, teve a prisão preventiva decretada. Um outro alvo tem naturalidade paraguaia e pode estar no país, por isso, a operação teve apoio da Polícia Federal que atua em Assunção e do Centro Integrado de Operações de Fronteira (CIOF) de Foz do Iguaçu.
A Polícia Civil de Minas Gerais e a Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo, bem como o Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas do Ministério Público de Santa Catarina (Gaeco/MPSC) também atuaram na ação. Além dos mandados de prisão e busca e apreensão, foram cumpridos 37 bloqueios de valores em contas bancárias de 24 pessoas e 13 empresas e sequestro de 17 veículos, entre caminhões e carros.
Drogas escondidas em cargas frigoríficas
As investigações tiveram início em março de 2023, com a apreensão de quase duas toneladas de maconha, escondidas em um fundo falso de um caminhão frigorífico. Após identificar o local onde a droga seria armazenada e durante o cumprimento de um mandado de busca e apreensão, policiais civis paranaenses localizaram um segundo caminhão frigorífico com fundo falso, onde havia grande quantidade de munição de fuzil e um "bunker", instalado sob um chiqueiro de porcos, no município de Toledo, no Paraná. 
Os agentes descobriram que a distribuição das drogas era feita a partir de caminhões de cargas frigorificadas, por conta da dificuldade de fiscalização delas, uma vez que o rompimento do lacre pode comprometer o produto armazenado. Os valores obtidos com a venda de drogas era lavado a partir da aquisição de bens móveis, imóveis e ouro. Os chefes da organização criminosa ostentavam padrão de vida elevado, com apartamentos e casas de alto padrão, viagens, carros luxuosos e veículos aquáticos.
De acordo com o MPPR, em quatro anos, a organização criminosa movimentou mais de R$ 100 milhões, por meio de valores em espécie e transações bancárias feitas em contas de laranjas e testas de ferros, sendo muitas delas empresas de fachada criadas apenas para movimentar o dinheiro ilícito.