Publicado 07/06/2024 21:19
Rio - O miliciano Rui Paulo Gonçalves Estevão, o Pipito, baleado em um confronto com policiais civis no fim da tarde desta sexta-feira (7), já chegou morto no Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. O criminoso foi retirado de um veículo da Polícia Civil com marcas de tiros.
PublicidadeUm vídeo mostra o momento da chegada da viatura no hospital. Primeiro, dois homens, apontados como seguranças do miliciano, que também ficaram feridos no confronto, descem do carro algemados e conta própria. Depois, Pipito é retirado por um policial já imóvel do veículo e colocado em uma maca. Em todo momento, Rui aparece sem se mexer. As imagens mostram marcas de tiros pelo seu corpo. Assista:
O homem foi baleado em uma troca de tiros com agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizada e Inquéritos Especiais (Draco/IE) na comunidade do Rodo, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio. Segundo a Polícia Civil, ele reagiu à abordagem dos policiais, o que gerou o confronto. Uma parede da casa onde o miliciano estava ficou com diversas marcas de tiros.
Os agentes socorreram e encaminharam Pipito para o Hospital Municipal Rocha Faria, mas, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ele já chegou sem vida na unidade.
Após a morte, três ônibus foram sequestrados por criminosos da comunidade e utilizados como barricadas na Avenida Antares, em Santa Cruz. Um deles foi incendiado na altura do Caminho do Congo. De acordo com a Rio Ônibus, os coletivos operavam nas linhas 756 (Santa Cruz x Coelho Neto) e LECD86.
Ação destacada pelo governo
O governador Cláudio Castro (PL) comentou, através de postagens nas suas redes sociais, sobre a ação da Polícia Civil que terminou com a morte do miliciano. Segundo ele, a ação dá um golpe no crime organizado que atua no Rio.
"Nossa Polícia Civil deu mais um duro golpe contra criminosos que atentam contra a paz da população. O recado está dado: vamos continuar combatendo o crime de maneira implacável, seja milícia, tráfico ou qualquer grupo mafioso", disse.
O delegado Marcus Amim, secretário de Estado de Polícia Civil, também valorizou a ação. "Qualquer criminoso que tente dominar territórios e subjugar a população será alvo da Polícia Civil", afirmou.
Histórico
Pipito era considerado o chefe da maior milícia do estado do Rio de Janeiro. O criminoso ocupou esse posto há cerca de seis meses, quando Luiz Antônio da Silva Braga, o Zinho, se entregou à Polícia Federal.
Considerado homem de confiança do miliciano, Pipito foi o responsável por coordenar os ataques a ônibus na Zona Oeste do Rio em outubro do ano passado, que deixaram 35 coletivos incendiados. O crime foi motivado pela morte do sobrinho de Zinho, Matheus da Silva Rezende, o Faustão.
Pipito ingressou no grupo paramilitar em 2017, quando Carlos Alexandre da Silva Braga, o Carlinhos Três Pontes, liderava a antiga Liga da Justiça. Wellington da Silva Braga, o Ecko, seu irmão, foi um dos responsáveis por expandir os domínios da organização fundada por Carlinhos, que morreu em 2017. Quatro anos depois, Ecko foi morto em uma operação policial e Zinho assumiu o posto de líder.
Ao assumir a liderança do grupo, o criminoso acabou rompendo com algumas alianças antigas. Um deles é Danilo Dias Lima, o Tandera, considerado seu principal rival atualmente. No passado, Zinho controlava boa parte da Zona Oeste do Rio e Tandera, áreas da Baixada Fluminense. Com o rompimento da aliança, os dois passaram a travar uma guerra sangrenta por territórios. Além da disputa entre milícias rivais, brigas por territórios com facções criminosas, Pipito entrará no comando de um grupo dividido e cheio de disputas internas.
O miliciano chegou a ser preso, em 2018, por associação criminosa, mas deixou o presídio dois anos depois, após um benefício que permitiu saída temporária durante a pandemia. Ele havia sido condenado a seis anos e seis meses de prisão pelo crime.
Pipito é apontado como mandante da morte do miliciano Jairo Batista Freire, conhecido como Caveira, que também era considerado um dos sucessores de Zinho. O crime aconteceu em janeiro deste ano. De acordo com testemunhas, ele foi morto a tiros em Três Pontes, em Paciência. No entanto, o corpo não foi encontrado desde então.
Rui Paulo também é suspeito de mandar matar o então chefe da milícia que atuava em Sepetiba, na Zona Oeste do Rio, em janeiro deste ano. O crime aconteceu na Praia do Recreio dos Bandeirantes. Sergio Rodrigues da Costa Silva, de 44 anos, conhecido como Sergio Bomba, estava em um quiosque na Avenida Lúcio Costa, na altura do Posto 12, quando uma pessoa chegou fazendo disparos contra ele, que não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local.
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