Rio - A defesa do ex-policial Ronnie Lessa protocolou, na última semana, uma petição no Supremo Tribunal Federal (STF) que pede ao ministro Alexandre de Moraes, a transferência de Lessa à outra unidade prisional. Atualmente, o assassino confesso da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes está preso na penitenciária de segurança máxima Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra, conhecida como P1, em São Paulo. No entanto, os advogados de Lessa pedem que ele seja encaminhado à penitenciária Dr. José Augusto Salgado, a P2, também chamada de 'Cadeia dos Famosos'.
As unidades ficam no mesmo complexo, próximas uma da outra. Mas, segundo a defesa, a P1 está lotada e abriga membros de facções criminosas. O advogado Saulo Carvalho afirma que Ronnie Lessa está isolado e não tem acesso à oficinas, cursos e atividades.
"Hoje, ele tem acesso a livros e ao banho de sol, apenas. Então, a possibilidade dele fazer algum tipo de curso ou ter convívio com outros presos acaba sendo silenciado porque os presos que fazem parte da P1, em sua maioria, são membros de organizações criminosas. O preso comum faria parte do convívio, mas pela questão da segurança dele, ele não será colocado com outros presos e isso impossibilita ele de ter acesso a essas atividades", explicou a defesa.
Os advogados alegam que, na P2, Lessa teria contato com outros presos e poderia participar das oficinas, além de ter acesso à biblioteca. "Lá, eu entendo que ele consegue garantir a segurança dele e seria colocado em convívio com outras pessoas para que ele possa ter acesso a tudo. A questão é que ele entrega uma informação para o estado em troca de um benefício, mas acaba sendo uma troca de seis por meia dúzia porque o único benefício dele foi sair de Campo Grande e vir para São Paulo. Imagina ele ter que cumprir a pena dele total em uma cela sozinho", argumentou a defesa.
Na P2, estão presos conhecidos, como Cristian Cravinhos, condenado pelo assassinato de Manfred e Marisia von Richthofen, Lindemberg Alves, preso por matar a ex-namorada Eloá Pimentel, Gil Rugai, que matou o pai e a madrasta, e Fernando Sastre, empresário que dirigia um Porsche e tirou a vida de um motorista de aplicativo.
Atualmente, Lessa está preso em um setor isolado do restante da penitenciária. O ex-policial deveria ficar no regime de observação (RO) por 20 dias, mas ainda não há previsão de que ele seja integrado ao restante dos detentos.
Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo informou que a P1 tem plenas condições de manter Lessa seguro. Disse, ainda, que desde seu ingresso, foi reforçada a segurança da penitenciária, de forma a garantir totalmente a integridade física do corpo de funcionários, dos demais presos e do próprio custodiado.
Os relatos de Ronnie Lessa, que revelaram os supostos mandantes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foram colhidos por investigadores da PF em uma série de encontros na Superintendência da Polícia Federal em Mato Grosso. Os dois anexos da colaboração que versam sobre a morte de Marielle e Anderson revelam não só o planejamento do assassinato, mas os meandros e a lógica do crime, assim como a ligação com milicianos. Lessa apontou os irmãos Brazão — Chiquinho, deputado federal, e Domingos, conselheiro afastado do Tribunal de Contas — como os mandantes do crime.
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