Fachada do Tribunal de Justiça do RioAgência O Dia
Coautoria no crime
Na denúncia, o MPF defende que os três agentes devem responder pela prática dos crimes, conforme prevê o Código Penal. Para o órgão, não há dúvidas de que os envolvidos decidiram, em comunhão, se aproximar do veículo e atirar contra ele. A acusação destaca que, conforme apurado na investigação, em nenhum momento houve discordância entre os acusados quanto a essa decisão.
O MPF também rebate o argumento dos réus de que a perseguição teria sido motivada pela informação de que se tratava de um veículo roubado. Segundo o órgão, nos registros do Departamento Nacional de Trânsito (Detran) não havia nenhuma restrição ao veículo. Além disso, o carro foi comprado pelo valor de mercado e tanto o pai de Heloísa quanto o vendedor afirmaram desconhecer o registro de roubo em agosto de 2022.
O crime
As armas usadas pelos policiais na ação foram fuzis considerados de grosso calibre e longo alcance. Na queixa, Benones lembra que esse tipo de armamento foi projetado para uso militar, por ter maior velocidade, menor recuo e, consequentemente, por aumentar a letalidade. Segundo ele, mesmo portando pistolas no momento da perseguição, os agentes optaram por usar os fuzis.
A denúncia também destaca o fato de não ter existido nenhuma abordagem ao motorista do veículo pelos policiais antes dos disparos. Testemunhas ouvidas durante a investigação afirmaram que, entre o momento em que o veículo passou pela viatura policial e os tiros, não houve nem sequer um esboço de comunicação. Para o MPF, o fato evidencia que os agentes da PRF quiseram a morte dos ocupantes do veículo ou, no mínimo, assumiram o risco de que isso acontecesse.
Também chama a atenção o fato de não ter existido nenhum disparo contra os pneus do carro. Tanto que nem foi preciso trocá-los para que o veículo, conduzido por um dos policiais e com o pai de Heloísa como passageiro, pudesse chegar ao hospital onde a menina foi atendida. "Em outras palavras, não houve a intenção de deter ou advertir", resume a denúncia.
Heloísa ficou internada por 9 dias no Hospital Adão Pereira Nunes, mas não sobreviveu.
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