Ação no Hospital Federal de BonsucessoReprodução / Instagram

Neste sábado (21) é celebrado o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea. Antecipando a comemoração, o Banco de Sangue Herbert de Souza, do Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, realizará, nesta sexta (21), às 10h, o cadastramento de doadores de medula óssea. Na oportunidade, também será possível doar sangue.
 
Além de agradecer a todos que já doaram, o objetivo da ação é incentivar novos doadores. O gesto pode ajudar no tratamento de mais de 80 doenças, como leucemias, linfomas, mielomas, alguns tipos de anemia e outras. E é nesta sintonia que a paixão pelo futebol pode ser uma poderosa ferramenta para divulgar informações tão importantes que podem salvar vidas. É o que vem mostrando o movimento o Flamedula, que está apoiando a celebração no Banco de Sangue Herbert de Souza. O consulado do Flamengo é um grande incentivador do cadastro consciente de doadores de medula óssea.
A maioria das pessoas não tem ideia do que os pacientes enfrentam quando descobrem um câncer. Elas ficam desorientadas e sem saber como agir. O Flamedula se dedica a oferecer apoio físico e psicológico, proporcionando conforto às famílias e ajudando na movimentação das ações via redes sociais. O projeto atua em todo o Brasil, convidando todos a se cadastrarem para doar.
"A sensação de saber que meu sangue e meu amor estavam dentro dele foi única"
O projeto começou com a emoção de André Teixeira Matos, conhecido como Dedeco. Ele já era doador de sangue e plaquetas e tinha feito seu cadastro como doador de medula óssea. Quando foi descoberta a compatibilidade com um paciente, ele fez a doação. O sigilo durou 18 meses. Após esse período, ele pôde solicitar a quebra do sigilo no REDOME (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea).
“Me cadastrei em 2011 e doei em 2013, pela via do braço. No Congresso em 2016, em Fortaleza, o REDOME e a SBTMO organizaram um encontro entre doadores e receptores. Conheci o paciente que recebeu minha medula. Foi emocionante ver aquele jovem e sua família. A sensação de saber que meu sangue e meu amor estavam dentro dele foi única. Pensei que outras pessoas também poderiam sentir essa emoção”, disse Dedeco.
Na mesma época, havia uma criança de 12 anos que estava sendo transplantada em Curitiba. A família era flamenguista e o menino estava inconformado com a doença. A medula não reagia como esperado. Dedeco entrou em contato com o dirigente do Flamengo da época, Maurício Gomes de Mattos, que fez um vídeo encorajador para o menino. Ele prometeu que a criança assistiria a um jogo em Brasília no camarote e coletando autógrafos dos jogadores, e o enviou. Todos acreditaram que isso ajudaria na cura.
Dedeco conheceu o programa de consulados e embaixadas do Flamengo e sugeriu a criação de um consulado para o cadastro consciente de doação de medula óssea, uma iniciativa pouco divulgada. Maurício apoiou a ideia e o evento foi marcado para setembro, mês dedicado à iniciativa.
A partir de então, o Flamedula realiza visitas a hospitais, leva personagens, estende a mão e faz vídeos para campanhas de arrecadação de sangue e cadastro de doação de medula, além de levar faixas para os jogos. Eles têm feito campanhas de arrecadação de cadastros de norte a sul do país, como no caso do menino Samuel, morador da Maré, no Rio de Janeiro. “O pai vendia bala no sinal e precisava de uma casa melhor. É um pedido dos médicos que tenha um local específico para o paciente se recuperar. Através de uma 'vakinha', eles conseguiram comprar a casa adequada”, contou André. Muitas campanhas têm sido realizadas para arrecadar fundos para os pacientes, incluindo campanhas nos EUA e envios pelo correio.
O Flamedula participou recentemente do Congresso Brasileiro de Terapia Celular e Transplante de Medula Óssea (SBTMO), que ocorreu no início de agosto em Fortaleza, Ceará. Eles ofereceram um estande gratuito, um gesto significativo, considerando que a indústria farmacêutica costuma pagar altos valores para garantir um espaço no congresso. A participação no evento possibilitou interações valiosas com médicos de todo o Brasil. Muitas pessoas, pacientes e médicos, passaram pelo estande para agradecer e demonstrar carinho pela ajuda prestada, evidenciando como a paixão pelo futebol pode ser uma poderosa ferramenta para divulgar informações.
O Flamedula recebeu um prêmio da World Marrow Donor Association (WMDA), instituição na Holanda que administra todos os bancos de medula do mundo. A WMDA realiza um congresso anual e, em setembro, promove uma campanha de divulgação global. O Flamedula foi indicado entre as três melhores ONGs do mundo, recebendo um prêmio simbólico de segundo lugar, na África do Sul. “Realizamos as ações de maneira natural e com amor, visando ajudar o próximo”, afirmou Dedeco.
Conscientização sobre ser um doador
Um dos objetivos do projeto é desmistificar o medo de que todos os transplantes de medula óssea são feitos pela coluna, sendo que muitos são realizados pela via do braço. Eles trabalham para esclarecer os mitos e verdades sobre a doação de medula, promovendo a conscientização sobre a importância de ser um doador.
No Rio de Janeiro, interessados em se cadastrar também pode se dirigir ao Núcleo de Hemoterapia do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da UERJ, que fica em Vila Isabel, e o Banco de Sangue do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes Da Silva (INCA), na Praça da Cruz Vermelha, 23, Centro do Rio, onde o possível doador receberá orientações sobre o cadastramento e a doação de medula óssea. Para realizar o cadastro, o voluntário precisa ter entre 18 e 35 anos de idade.