Câmera flagrou saída do suspeito do gatil e vítima com a mão na barrigaReprodução

Rio - A Justiça do Rio decretou a prisão preventiva e tornou réu Carlos Henrique Macário Morais, acusado de tentar matar o protetor de gatos Carmo Souza Dias dos Santos, de 64 anos, com golpes de cassetete, dentro de um gatil localizado em um condomínio da Gávea, na Zona Sul, no início de outubro deste ano. A vítima teve o baço rompido.
O juiz Bruno Arthur Mazza Vaccari Machado Manfrenatti, da 2ª Vara Criminal da Capital, tomou a decisão na última sexta-feira (11). Segundo o magistrado, há perigo à ordem pública devido a gravidade da conduta de Carlos Henrique.
"O denunciado teria agido de forma covarde, aproveitando-se de que a vítima estaria de costas, não lhe dando chances de defesa, e por motivo fútil, pelo menos em um juízo de cognição sumária, pelos elementos presentes nos autos, até o momento. Além disso, os relatos de que Carlos possui comportamento agressivo reiterado e de que mantém sobre sua posse uma arma de fogo, agravam o risco à coletividade", destacou.
Manfrenatti considerou que Carmo se sente ameaçado pelo acusado e que o homem em liberdade pode colocar em risco o seguimento do processo. 
"A vítima teme pela própria vida e pela retaliação do agressor, e o estado de liberdade do acusado pode comprometer não só o testemunho da vítima e das demais pessoas arroladas no processo, mas também a integridade física e psíquica de todos os envolvidos, ainda mais diante da informação de que Carlos teria em sua casa uma arma de fogo que pertencera ao seu falecido pai, e que, por diversas vezes, já teria efetuado disparos da janela de um dos apartamentos", completou.
Ao DIA, Adriana Santos, de 55 anos, mulher da vítima, comemorou a decisão do magistrado. "Estamos aliviados e esperando que a Justiça seja feita. Nós não podemos voltar para casa porque há muita insegurança. É muito difícil tudo isso", comentou.
Qualquer informação sobre o paradeiro do acusado pode ser enviada de forma anônima ao Disque Denúncia através da central de atendimento (021) - 2253 1177 ou 0300-253-1177, do WhatsApp Anonimizado: (021) – 2253-1177 e do aplicativo Disque Denúncia RJ.
Relembre caso
O crime aconteceu em 3 de outubro em um gatil dentro de um condomínio da Gávea, na Zona Sul. Na época, Adriana contou que o marido estava tratando dos gatos que estão doentes quando uma pessoa em situação de rua se aproximou e pediu um dinheiro para ele, que resolveu ajudar. Enquanto conversava com o homem, Carmo seguiu alimentando os animais. Ao ver a pessoa em situação de rua, o agressor teria descido do seu imóvel com um cassetete e reclamado com Carmo.
"O Carmo quando foi fazer o que ele faz sempre, que é tratar dos gatos que estão doentes dentro do gatil, uma pessoa em situação de rua, que sempre pede dinheiro para ele, pediu novamente. Ele nunca tinha porque deixa a carteira do outro lado do prédio. Ele resolveu ajudar e começou a conversar com essa pessoa enquanto alimentava os gatos. Depois, ele ia no carro para pegar o dinheiro e dar pro homem. De repente esse cara desceu, já com o cassetete na mão, e começou a gritar com o rapaz de rua. O Carmo falou que o homem estava com ele, que ia o ajudar. O agressor começou a reclamar sobre o que o Carmo estava fazendo e perguntou se ele era dono do prédio. O Carmo falou que não, mas disse que ele também não era", disse a mulher.
Ainda de acordo com a mulher, as agressões teriam acontecido dentro do gatil. Uma câmera de segurança gravou Carmo cuidando dos gatos, mas a imagem ficou congelada e só voltou um minuto depois, não tendo registrado a agressão. Contudo, a gravação retornou logo quando o suspeito deixa o local e a vítima cai no chão com a mão na barriga. Para Adriana, uma segunda pessoa pode ter manipulado a câmera.
"Foi muito grave. Essa pessoa nunca aceitou que a gente fizesse esse trabalho lá e nós temos autorização do síndico. Ele sempre foi uma pessoa que hostilizava a gente, que xingava em reuniões, só que eu nunca ia imaginar uma coisa dessas. Tem um minuto que a câmera fica pausada. Eu acredito que tem uma segunda pessoa, que estava com ele. Deve ter combinado porque não deu tempo de ver ele batendo, mas deu pra ver ele saindo, o meu marido caído e ele lá fora com o cassetete na mão", comentou.
A vítima foi socorrida e encaminhada ao Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, ainda na Zona Sul. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ele saiu da unidade de alta à revelia, ou seja, por conta própria.
Na madrugada de 4 de outubro, Carmo deu entrada no Copa D'or, também na Zona Sul. Segundo o hospital, ele chegou com um trauma na região abdominal e foi submetido a procedimento cirúrgico. Adriana contou que o baço do marido se rompeu durante a agressão e que a vítima ficou no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da unidade.
O homem já recebeu alta e está na companhia da mulher.