Os promotores Eduardo Martins e Fábio Vieira durante o júri de Ronnie e ÉlcioRenan Areias/Agência O Dia

Rio - A promotoria do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que atua no júri popular de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, nesta quarta-feira (30), defendeu que os ex-PMs devem receber a pena máxima de 84 anos pelas mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes. A dupla responde por duplo homicídio triplamente qualificado da vereadora e do motorista, além da tentativa de assassinato da assessora da parlamentar.

Segundo o promotor Eduardo Martins, apesar da possível alegação de que os dois réus colaboraram, as penas aplicadas devem seguir o rigor da denúncia ."A importância desse julgamento é que não existe colaboração, não existe acordo sem condenação. Precisamos garantir a condenação deles. Pediremos essa condenação por todos os delitos que estão imputados na denúncia e com todas as suas circunstâncias. Esperamos que a pena seja compatível com esses crimes bárbaros", disse.

O promotor explica ainda que o acordo não prevê qualquer redução na punição dos dois. "Eles vão cumprir os 30 anos de pena, que é o máximo de pena que a legislação prevê no momento do crime", enfatizou.

Até o início da noite, foram ouvidas pelo Tribunal do Júri sete testemunhas de acusação e uma de defesa. Entre elas estão a mãe de Marielle, Marinete Silva, a viúva da parlamentar, vereadora Mônica Benício, e a ex-assessora e única sobrevivente do ataque, Fernanda Chaves.

"Os depoimentos que foram prestados hoje só esclarecem o que já existia durante a investigação. Os detalhes, que muitas vezes ficaram afastados da imprensa e da população hoje estão vindo a tona", disse o promotor Fábio Vieira.

A fala dos promotores aconteceu durante uma pausa do júri, no fim da tarde. O julgamento de Ronnie Lessa e Élcio que começou por volta das 10h e não tem hora para terminar. Até o fim da noite, é esperado o depoimento de mais uma testemunha de defesa.

Em seguida, serão pelo menos duas horas de alegação da acusação e defesa, com possibilidade de réplica e tréplica. Por fim, o júri tomará sua decisão pela condenação ou não dos réus.
Freixo sobre o julgamento
O atual presidente da Embratur, Marcelo Freixo, que teve Marielle como sua assessora parlamentar, defendeu que o julgamento da dupla poderá mudar o cenário da segurança pública no Rio.

"O assassinato da Marielle e do Anderson revelou um esgoto político dentro da segurança pública do Rio muito profundo, gente poderosa por trás. São réus confessos, nós sabemos disso, mas é importante esse julgamento. É uma data muito significativa para a segurança pública do Rio. Foram seis anos onde se tentou de tudo para que esse julgamento não chegasse. O que a gente espera é que chegue o momento de uma condenação justa, mas que também revele algo que possa mudar o Rio", disse.

Relembre o Caso

A vereadora Marielle Franco foi assassinada na noite de 14 de março de 2018, no bairro do Estácio, Região Central do Rio. A parlamentar, que estava acompanhada do motorista Anderson Gomes, de 39 anos, e da assessora Fernanda Chaves, de 43, voltavam de um evento de mulheres negras na Rua dos Inválidos, na Lapa.

O carro onde a vereadora estava passava pela Rua Joaquim Palhares, próximo a Praça da Bandeira, quando um carro, modelo Chevrolet Cobalt, na cor prata, emparelhou com o veículo. Em seguida, foram feitos nove disparos. Quatro deles atingiram Marielle, sendo três na cabeça e um no pescoço. Anderson foi atingido por três disparos nas costas, ambos morreram dentro do carro. A assessora ficou ferida por estilhaços.