Pescador encontra urso de pelúcia jogado na Baía com muda de mangue Divulgação

Mesmo cercada pelo lixo que se acumula ao longo das margens da Baía de Guanabara, a natureza encontra formas surpreendentes de resistir e renascer. Durante ações constantes de limpeza na nas colônias de pescadores Z-8 em São Gonçalo e Itaboraí; e Z-9 em Magé, os pescadores fazem descobertas simbólicas, como por exemplo: Uma muda de mangue que nasceu em um urso de pelúcia que foi jogado na Baía, e outra cena semelhante, muda crescendo no interior de um assento de cadeira de espuma, um objeto descartado no rio Marimbondo.
As cenas capturadas em foto — brotos de vida emergindo em meio ao lixo — é uma representação poderosa da capacidade de regeneração dos ecossistemas, mesmo em condições adversas. A ação faz parte do Projeto Águas da Guanabara, que há anos atua na limpeza e preservação da baía e suas áreas circundantes, mobilizando a comunidade local para proteger os ecossistemas aquáticos e promover a conscientização ambiental.

Para Gilberto Alves, presidente da colônia de pescadores Z-8, a pequena muda representa uma esperança renovada. “A descoberta desta muda de mangue é um sinal claro de que a natureza ainda pode se regenerar, mesmo em meio à poluição. Isso nos dá mais motivação para continuar com nossos esforços de limpeza e preservação”, afirma Alves.

O Projeto Águas da Guanabara continua mostrando que, com dedicação e esforço coletivo, é possível devolver à natureza um espaço para se recuperar e florescer. Em meio ao desafio da poluição, o broto de mangue que brotou em um pedaço de lixo é um lembrete visual de que, apesar de tudo, a vida persiste.

Pescadores são mobilizados para a recuperação ambiental da Baía

O Projeto Águas da Guanabara faz parte da Federação Estadual dos Pescadores do Rio de Janeiro (FEPERJ), é uma iniciativa que atua diretamente na limpeza e preservação dos ecossistemas aquáticos da Baía de Guanabara, um dos maiores e mais importantes complexos de biodiversidade do estado do Rio de Janeiro. O projeto tem como principal objetivo combater a poluição e recuperar as áreas degradadas ao redor da baía, mobilizando a comunidade local e promovendo a conscientização ambiental entre os pescadores e demais moradores da região.

Parte essencial do projeto envolve o trabalho colaborativo com as colônias de pescadores locais, como as colônias Z-8 em São Gonçalo e Itaboi e Z-9 em Magé, que realizam ações de coleta e limpeza nas áreas afetadas pela poluição. Esses pescadores, que já vivenciam de perto o impacto da degradação ambiental em suas atividades e fontes de sustento, são parceiros fundamentais na recuperação do ecossistema. O Projeto Águas da Guanabara apoia essas colônias com equipamentos de proteção e materiais necessários para a coleta de resíduos, como luvas, sacos de lixo e embarcações apropriadas para a retirada de resíduos sólidos.

Além de fornecer materiais, o Projeto Águas da Guanabara também remunera os pescadores que atuam nas ações de limpeza, que ocorrem três vezes por semana. Além do pagamento, os participantes recebem um cartão-alimentação e têm acesso a atendimento médico, reforçando o compromisso do projeto com o bem-estar e a sustentabilidade da comunidade local.

Elaine Cristina, presidente da colônia Z-9 em Magé, destaca que o Projeto Águas da Guanabara é uma oportunidade de renovação tanto para a baía quanto para os pescadores. “Esse trabalho nos permite cuidar do ambiente de onde tiramos nosso sustento e valoriza nossa atuação na preservação da baía,” afirma.

Em dois anos o projeto recolheu cerca de 1,3 toleradas de lixo

O lixo flutuante e demais resíduos sólidos encontrados na costa e manguezais do Rio de Janeiro, é uma realidade dura para os pescadores, além de causar uma grande degradação do meio ambiente e dos recursos hídricos, como a atividade pesqueira, prejudicando também representantes da flora e da fauna local.

Atualmente, os pescadores estão realizando esse trabalho de limpeza, no canal de Magé, nos rios Suruí, e estrela, na Baixada Fluminense, e em São Gonçalo, nos rios Imbuaçu, Pomba, Marimbado, entre outros. Todo material retirado, é o lixo que não vai para coleta seletiva, na grande maioria das vezes são descartados pelos próprios moradores dentro dos rios.

Aproximadamente 1,2 toneladas desse lixo já foram retiradas por meio da Federação de Pescadores do Rio de Janeiro, que é responsável pelo projeto “Águas da Guanabara”, que visa quantificar e qualificar os resíduos sólidos e os impactos que eles possuem sobre a fauna e flora da Baía de Guanabara, através de novos olhares sobre esses problemas.

De acordo com a Federação, é certo, que uma educação ambiental que sensibilize a sociedade acerca da importância da preservação e conservação da baía de Guanabara e seus rios afluentes, se faz necessária.

Segundo o presidente da federação, Luiz Carlos Furtado, o trabalho realizado por esses pescadores diariamente, tem sido gratificante.

“É importante frisar que, o prejuízo com todo esse lixo, reflete no meio ambiente, a vida dos pescadores que tem suas redes de pesca danificadas, e também na vida da própria população que acaba jogando os resíduos nos rios. E com essa limpeza, os peixes voltam par ao habitat natural, e a vegetação se transforma sozinha”, explicou o presidente da federação.
Investimento em educação ambiental
O Projeto tem um forte compromisso com a educação ambiental. Regularmente, organiza visitas de alunos de escolas municipais às colônias de pescadores, onde as crianças acompanham o dia a dia dos profissionais da pesca e aprendem sobre a importância de preservar o ecossistema. As atividades incluem aulas sobre o descarte correto de resíduos, os impactos da poluição na vida marinha e o papel de cada pessoa na proteção ambiental.

Com coletes de segurança, as crianças vivenciam a rotina dos pescadores: acompanham a coleta de resíduos na Baía de Guanabara e observam de perto o impacto dos materiais descartados indevidamente. “Queremos que essas crianças vejam como a poluição afeta diretamente a pesca e a natureza ao redor”, explica Gilberto Alves, presidente da colônia Z-8. “Nosso objetivo é conscientizar as novas gerações para que se tornem defensores do meio ambiente.”

A experiência se completa com palestras de especialistas que integram o projeto, abordando temas como o tempo de decomposição de plásticos, borracha e vidro, materiais comumente encontrados na baía. Os estudantes também têm a oportunidade de fazer perguntas e tirar dúvidas, criando uma experiência interativa e prática que os conecta ao trabalho dos pescadores e aos desafios de preservar o meio ambiente.

Para muitos alunos, essa vivência desperta uma nova perspectiva. “Aprendi que cuidar da natureza ajuda os animais e a gente também”, conta Nicole da Silva, de 12 anos. Já a colega Larissa Conceição acrescenta: “Fiquei impressionada com tudo o que eles fazem pela baía. Agora sei como é importante jogar lixo no lugar certo para preservar os peixes e a vida marinha.”

Com essa combinação de atividades práticas e conscientização, o Projeto Águas da Guanabara reforça sua missão de educar e engajar a comunidade local, promovendo um futuro mais sustentável para a Baía de Guanabara e seus ecossistemas.

Pneus recolhidos na Baía viram 'cachoeira sustentável' em Magé

Em uma das iniciativas do Projeto Águas da Guanabara, dias especiais são dedicados à coleta de pneus na Baía de Guanabara. Em uma única manhã, a equipe conseguiu recolher cerca de 350 pneus, que foram doados para um empreendimento em Magé. Esses pneus, junto com garrafas PET também recolhidas pelo projeto, estão sendo usados na construção da maior cachoeira artificial da América do Sul, uma obra que une sustentabilidade e reaproveitamento de resíduos retirados da baía.

Do Mangue à Exposição: o trabalho dos pescadores transformado em arte

O trabalho árduo dos pescadores artesanais, que têm se dedicado à recuperação ambiental da Baía de Guanabara, agora ganhou uma nova forma de divulgação: uma exposição que começou a percorrer o Rio de Janeiro. Após ser exibida no São Gonçalo Shopping, a mostra “TransforMAR” está agora em exibição no Caxias Shopping, com o intuito de levar a todos a importância do trabalho desses pescadores e o impacto positivo que têm gerado na recuperação dos ecossistemas da baía.

A exposição, que é uma extensão do Projeto Águas da Guanabara, tem como foco principal a educação ambiental e a conscientização sobre os desafios enfrentados pelos pescadores no dia a dia de suas atividades. Ao longo de dois ambientes interativos, os visitantes podem conhecer em detalhes as etapas do trabalho, como a limpeza das águas e a remoção de resíduos sólidos, além da regeneração dos ecossistemas marinhos da Baía de Guanabara.

Em um dos ambientes, o público pode apreciar uma seleção de imagens e vídeos que documentam os avanços do projeto, destacando as dificuldades enfrentadas pelos pescadores e as mudanças significativas promovidas na baía. As fotos, em grande parte feitas pelos próprios pescadores, capturam momentos do trabalho no campo, ações de saúde e as aulas de educação ambiental que envolvem também crianças de escolas municipais. Além disso, os visitantes podem aprender sobre algumas espécies de peixes encontradas na região e as pesquisas realizadas por cientistas que acompanham o trabalho dos pescadores.

Outro destaque da exposição é a área interativa, onde um barco de madeira, utilizado pelos pescadores para realizar as limpezas no mar, pode ser explorado pelos visitantes. O público tem a chance de fazer perguntas, tirar dúvidas e registrar o momento com fotos, se conectando mais profundamente com as atividades dos pescadores e a realidade da Baía de Guanabara.

Para a curadora da exposição, Jamylle Ferreira, a iniciativa vai além da simples exibição de fotos e vídeos, buscando também gerar uma reflexão sobre a preservação ambiental. “A exposição é uma forma de dar visibilidade ao trabalho dos pescadores, mostrando como suas atividades não só garantem a sustentabilidade da Baía de Guanabara, mas também trazem benefícios para toda a comunidade”, afirma.

Elaine, presidente da Colônia de Pescadores Z-9, em Magé, enfatiza a importância de mostrar à sociedade o valor do trabalho realizado por esses profissionais. “A exposição reflete o esforço coletivo de todos os pescadores. Cada imagem aqui exposta conta a história de nosso comprometimento com o ambiente e com as futuras gerações”, diz Elaine.

O público tem se mostrado bastante interessado na exposição, que está aberta tanto para todos, clientes do shopping, alunos de escolas locais, proporcionando um aprendizado valioso sobre a importância da conservação ambiental. O Projeto Águas da Guanabara, que já retirou aproximadamente 1,5 toneladas o de resíduos sólidos da Baía de Guanabara, segue com seu trabalho de conscientização, com o apoio das colônias de pescadores, e agora também com o engajamento de uma população cada vez mais consciente sobre o impacto das ações humanas no meio ambiente.

“A exposição é o reflexo do trabalho árduo dos pescadores da Baía de Guanabara. Ela mostra a importância de preservar nosso ambiente marinho e o impacto positivo desse esforço. Estamos orgulhosos dos resultados e esperamos que inspire mais pessoas a proteger nossa baía.” – Luiz Cláudio, presidente da FEPERJ.

DADOS DO PROJETO

Os manguezais são berçários da vida marinha e fundamentais para o equilíbrio ecológico da Baía de Guanabara,” afirma Jamylle, Coordenadora de Campo do Projeto e Doutora em História Social.
"A cada resíduo retirado, estamos contribuindo para a sobrevivência de inúmeras espécies e para a saúde do nosso ecossistema.

O trabalho do Projeto Águas da Guanabara não se resume apenas à retirada de resíduos. A iniciativa também promove ações de conscientização ambiental junto às comunidades locais, envolvendo moradores e incentivando práticas sustentáveis.

Importância dos Manguezais:

Os manguezais desempenham um papel crucial na proteção costeira, prevenindo a erosão e agindo como barreiras naturais contra tempestades e marés altas. Além disso, são habitats ricos em biodiversidade, abrigando uma variedade de espécies marinhas, aves e outros animais. Sua preservação é vital não apenas para a fauna e flora, mas também para as comunidades que dependem desses recursos para sua subsistência.

Desafios e Soluções:

A poluição, principalmente por plásticos e outros resíduos sólidos, continua sendo um dos maiores desafios para os manguezais. Através de parcerias com organizações ambientais, prefeituras e campanhas de educação, o Projeto Águas da Guanabara busca soluções de longo prazo para reduzir a quantidade de lixo que chega à Baía de Guanabara.

Convidamos a sociedade a refletir sobre a importância desse ecossistema e a apoiar iniciativas que visam sua preservação. Juntos, podemos garantir que os manguezais continuem a ser um refúgio seguro para a vida marinha e um legado para as futuras gerações.

Sobre o Projeto Águas da Guanabara:

O Projeto Águas da Guanabara é uma iniciativa da FEPERJ - Federação de Pescadores do Rio de Janeiro. Com a participação de pescadores e bosistas, o projeto trabalha na retirada de resíduos sólidos e na promoção da conscientização ambiental, visando a recuperação e manutenção desse ecossistema vital.

Desde 2022, já foram oferecidas pelas Colônias de Pescadores Z-8 e Z-9 mais de mil vagas para a adesão dos pescadores artesanais que estão realizando esse trabalho de limpeza. Eles já coletaram cerca de 1,5 toneladas de resíduos na região hidrográfica da Baía de Guanabara, o que inclui o Canal de Magé e os rios Suruí e Estrela, todos na Baixada Fluminense. Já em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Estado, a ação já alcançou os rios Imbuaçu, Bomba e Marimbondo. E em Itaboraí tem sido realizada principalmente no Rio Caceribu.