Urna da Gentileza foi instalada para que clientes possam deixar mensagens positivasArmando Paiva / Agência O Dia
É o caso da funcionária pública Priscila Silva, de 31 anos, que vê a ocupação do dia a dia como uma das causas da falta de empatia.
"É raro (ver pessoas sendo gentis). Acho que as pessoas estão muito ocupadas, acabam não pensando no próximo. A gente tá vivendo na correria o tempo todo, as pessoas não são gentis por serem necessariamente ruins, mas sim pelo estresse diário e pela vida corrida que levam", relatou.
Com isso, surge o questionamento: gentileza gera gentileza? Segundo a corretora de imóveis Rosane Delgado, de 67 anos, é necessário que as pessoas deixem o "coração fluir".
"A gentileza, a empatia não são expressadas pelas pessoas que não deixam o coração fluir, devido ao aumento do estresse no nosso cotidiano. As pessoas acabam não conseguindo mostrar um lado bom de atenção ao próximo", explicou.
A reportagem de O DIA esteve no Terminal Intermodal Gentileza (TIG), em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, onde foi realizada uma série de ações para transformar o dia de quem passa pelo local.
Desde as primeiras horas da manhã, os clientes ainda puderam assistir à apresentação gratuita de música clássica, realizada pelo CCR Mobility Music. Além disso, foi inaugurada a Caixa da Gentileza.
A urna, posicionada próxima à estátua do Profeta Gentileza, está disponível para os clientes escreverem mensagens positivas, de incentivo e com bons desejos. As melhores frases serão lidas pelos condutores do VLT durante as viagens.
Para o autônomo Gustavo Dias, de 61 anos, é essencial que as pessoas aprendam a ser mais gentis no seu dia a dia.
"As pessoas precisam ser mais gentis umas com as outras. Atualmente estão muito estressadas e não tem o respeito que tinham antes, quando eram mais educadas. Vejo muito isso nos coletivos quando as pessoas mais jovens não levantam para dar lugar aos idosos", disse.
Já para o metalúrgico Nelson Magalhães, de 62 anos, nos dias de hoje é mais fácil demonstrar gentileza e amor ao próximo.
"Eu creio que hoje é mais fácil demonstrar gentileza, a gente que vem de uma época mais antiga que até falar eu te amo para os filhos era mais difícil, hoje não é difícil demonstrar amor ao próximo, empatia, se sentem mais à vontade para falar. Os jovens hoje mostram mais empatia porque o mundo evoluiu, a sociedade também, a educação é menos rígida, o que ajuda as pessoas a serem mais carinhosas do que eram antigamente", expôs.
O Dia Mundial da Gentileza passou a ser celebrado há 25 anos em Tóquio, Japão, durante uma conferência de grupos que propagavam a ideia.
Em meio a tantas opiniões, uma questão é unânime: as pessoas estão mais estressadas e, consequentemente, deixam de ser gentis.
De acordo com o aposentado Sebastião Ribeiro de Souza, de 78 anos, "a gentileza cresce à medida que a sociedade cresce".
"As pessoas estão mais gentis ao mesmo tempo que estão mais maldosas. Falta um maior ensinamento para as pessoas aprenderem a ser mais generosas com as outras", alegou.
*Reportagem de Brenda São Paio e do estagiário João Alkmim, sob supervisão de Iuri Corsini
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