Bruno Machado Marino, de 39 anos, era técnico de iluminação do Teatro Raul CortezReprodução / Prefeitura de Duque de Caxias

Rio - Bruno Machado Marino, de 39 anos, funcionário da prefeitura de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, morreu, nesta quarta-feira (13), após ter sido agredido e queimado pela própria namorada dentro de casa. De acordo com a Polícia Civil, a mulher, que jogou água fervendo na vítima, foi presa logo depois do crime.


O caso aconteceu na manhã do último sábado (9). Bruno foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado ao Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes (HMAPN), em Caxias. Em nota, a prefeitura informou que Bruno deu entrada na unidade de saúde em estado gravíssimo, com queimaduras extensas no rosto, tronco, membros superiores e coxa direita, cobrindo aproximadamente 76,5% de seu corpo.
Segundo o hospital, o paciente foi imediatamente encaminhado ao centro cirúrgico para realização de curativos específicos para grandes queimaduras, procedimento que ocorreu sem intercorrências. Na terça-feira (12), Bruno passou por um novo curativo cirúrgico, também concluído sem complicações.
Segundo a direção da unidade, desde a entrada no HMAPN, o estado de saúde de Bruno permaneceu gravíssimo. Na tarde desta quarta-feira (13), ele sofreu uma parada cardiorrespiratória, e, apesar das tentativas de reanimação, não resistiu. O corpo de Bruno foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Caxias, e, até o momento, não há informações sobre o local e horário do enterro.
Ao DIA, a líder de atendimento Manuela Corrêa, 35, amiga de Bruno há mais de 20 anos, contou que, além das queimaduras, a criminosa, chamada Andréia, também o dopou e o agrediu com uma pedra na cabeça. "Conversei com a mãe dele, que está muito abalada, e ela nos relatou a situação. A mulher dopou o Bruno e deu uma pedrada na cabeça dele. Depois que caiu no chão, desorientado, ela jogou água fervente na região do tórax, pegou no braço, no rosto… Pelo que os médicos do hospital contaram, o pulmão dele foi assado pelo líquido", detalhou Manuela,

Bruno era técnico de iluminação do Teatro Raul Cortez, que fica no bairro Vila Meriti, e a Secretaria de Cultura e Turismo do município emitiu uma nota lamentando o falecimento. No texto, a pasta explicou que ele era responsável pelo projeto de iluminação cênica da casa cultural, e que estava no cargo há 18 anos, desde a inauguração do espaço, em 2006. "A equipe da SMCT DC agradece pela sua generosa contribuição e se solidariza com a família e amigos neste momento de imensa dor", expressa a nota.

Manuela explicou que Bruno era uma pessoa de muita confiança, e que, quando começou a se relacionar com a criminosa, em 2018, se afastou de todos os amigos e familiares. "A Andreia isolou ele do mundo, todos perderam o contato com ele. Não a conhecia muito bem, mas sempre soube que ela era louca de ciúmes. Depois do que ela fez, ela ligou para a filha dela e disse: 'acho que fiz uma besteira, acho que matei o Bruno', e foi a menina quem chamou a polícia e os bombeiros. Em nenhum momento a Andreia mostrou arrependimento, nem quando confessou o crime", contou.

"O Bruno era como um irmão pra mim, uma pessoa excepcional. Desde o dia que nos conhecemos, sempre foi extremamente atencioso, respeitoso, confiável e muito protetor. Não tem ninguém que vai relatar algo ruim dele, era muito da paz, apaziguador, a última pessoa desse mundo que merecia tanta crueldade. Eu e minha esposa estamos incrédulas e devastadas com o que aconteceu. Ele foi arrancado da gente, ela tirou a oportunidade de termos o nosso amigo de volta. Só queremos justiça, que a criminosa seja condenada", protestou Manuela.

A líder de atendimento ainda relatou que iria visitar o amigo no hospital. "Encontrei ele pela última vez no fim do ano passado, estava irreconhecível. Era um outro homem. Já era magro, estava mais magro ainda, e totalmente cabisbaixo, infeliz… Não era mais aquela pessoa alegre que conhecíamos, estava totalmente recluso", lembrou Manuela, que afirmou que a família já suspeitava de que algum episódio de violência aconteceria com Bruno.

Procurada pelo DIA, a Polícia Civil informou que as investigações do caso estavam a cargo da 60ª DP (Campos Elíseos). De acordo com a corporação, a mulher foi presa em flagrante no dia 9 de novembro, inicialmente acusada de tentativa de homicídio qualificado. No entanto, com a confirmação do falecimento do rapaz, o crime deve ser reclassificado para homicídio qualificado. O caso já foi encaminhado à Justiça.
*Reportagem do estagiário Gabriel Rechenioti, sob supervisão de Raphael Perucci