Floricultura localizada na Rua Santa Fé, no Méier, está sem água desde quarta (27)Arquivo pessoal
Publicado 29/11/2024 12:35 | Atualizado 29/11/2024 13:09
Rio - Diversos moradores e comerciantes da cidade do Rio seguem sofrendo com os transtornos causados pela falta d’água e agravados pelo forte calor que atinge a capital nesta sexta-feira (29), com máxima prevista de 38°C. Mesmo com o Sistema Guandu, da Cedae, operando com capacidade máxima desde esta quinta (28), o problema persiste nos bairros da capital, com previsão para normalização apenas para o início da tarde do domingo (1°).
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Ao DIA, a fotógrafa Amanda Alves, de 38 anos, moradora de Oswaldo Cruz, na Zona Norte, relatou que está há três dias com as torneiras secas. "Um calor desses e estarmos sem água é muita crueldade, não tem outra palavra. Está me atrapalhando demais, chego em casa cansada do trabalho e do dia a dia e não tenho direito a um banho de chuveiro", desabafa.

"São mais de três dias sem uma única gota saindo das torneiras, isso é inaceitável. Estamos gastando uma fortuna comprando água mineral, que temos que usar, inclusive, para tomar banho. Também gastei muito com quentinhas nesses dias, porque cozinhar sem água é totalmente insalubre. Minhas despesas aumentaram demais e ainda estamos no fim do mês de novembro. Para piorar, chegou o fim de semana e não tenho dinheiro nem para tomar uma cerveja, porque gastei com quentinha e água", conta Amanda.

A manutenção do Guandu foi concluída na terça-feira (26), mas o tratamento só retomou a capacidade máxima na quinta, a pedido da Águas do Rio, para que a empresa pudesse concluir alguns reparos pela cidade. Um deles foi o da adutora que rompeu em Rocha Miranda, na Zona Norte, e causou a morte de Marilene Rodrigues, 79.

A retomada da capacidade total também dependeu da empresa finalizar, no Complexo do Lins, a instalação de um macromedidor na subadutora da Zona Norte, tubulação que abastece a Grande Tijuca, Bairro de Fátima, Botafogo, Catete, Cosme Velho, Glória (partes), Laranjeiras, Leme, Santa Teresa e Urca (partes). Apesar da conclusão das atividades, a concessionária ressaltou que, em áreas mais altas e nas pontas das redes, o abastecimento pode levar ainda mais tempo para ser normalizado.
Daiane Santiago, 30, gerente de uma floricultura na Rua Santa Fé, no Méier, Zona Norte, detalhou como está sendo a rotina do estabelecimento com o problema. "Desde ontem (28), por volta de meio-dia, a água parou de cair totalmente. Hoje (29), quando chegamos na loja pela manhã, vimos que estava saindo uma água bem fina da torneira que vem da rua, e estamos aproveitando para encher os baldes e cuidar das flores", explica.

Segundo Daiane, várias flores não resistiram à escassez, somada ao forte calor. "O erveiro que trabalha em frente à loja também perdeu várias plantas, já que não estava conseguindo regar. Até tentamos pegar água no quartel dos bombeiros, que fica aqui perto, mas eles também estavam sem. Que situação difícil. Pelo menos, agora temos essa água fraca na torneira da rua", reclama a comerciante.

Morador de Bento Ribeiro, Zona Norte, o DJ Fernando Ribeiro, 33, também lamentou os transtornos causados pelo corte do abastecimento na região. "Aqui não cai uma gota de água desde a sexta-feira passada (22). Isso não existe. Minha mãe, que mora comigo, é deficiente, e depende muito dessa água. Como pode ficarmos uma semana inteira sem abastecimento? A situação está caótica, e ainda somos surpreendidos com hidrômetros marcando valores absurdos. Está insustentável", critica.

Nesta quinta, residentes de um condomínio do Engenho Novo precisaram utilizar água da piscina para tomar banho e realizar as demais atividades de higiene. Além disso, circulam relatos de dificuldades na Zona Oeste, onde a distribuição é responsabilidade da Rio+Saneamento. Campo Grande, Bangu, Deodoro e Paciência são algumas das localidades. O problema também se estende para áreas do Centro e da Zona Sul.

A concessionária também informou que o prazo para regularização nos bairros atendidos é até domingo.

Paes critica atraso na normalização do abastecimento

O prefeito Eduardo Paes expressou sua insatisfação com a demora na normalização do abastecimento de água após a manutenção preventiva do Sistema Guandu.

"Não bastasse o transtorno que está causando à população em várias áreas da cidade, existem prédios como hospitais e clínicas que passam por situações que implicam, inclusive, em risco de vida pela demora na normalização do abastecimento. É compreensível que o sistema de água da cidade do Rio tenha que passar por sua manutenção anual. O que não dá para aceitar é que, passadas as 24hs, dessa manutenção o abastecimento não tenha sido normalizado", contesta Paes. 

Universidades seguem com atividades suspensas

A Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) anunciou, pelas redes sociais, que, mais uma vez, foi necessário suspender as atividades acadêmicas e administrativas nesta sexta no campus Maracanã, na Zona Norte. De acordo com a instituição, a decisão é resultado de uma avaliação conjunta entre Uerj e Prefeitura após informações da Águas do Rio. Os alunos da faculdade estão sem aulas desde quarta (27).

A Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio) também informou que, nesta sexta, as atividades presenciais não essenciais estão suspensas. De acordo com a instituição, as dependências ainda seguem sem abastecimento.

Foram suspensos os serviços acadêmicos e administrativos, com exceção de bancas e outros eventos especiais. As atividades remotas continuam ocorrendo normalmente.
*Reportagem do estagiário Gabriel Rechenioti, sob supervisão de Iuri Corsini
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