Monique Cristina se emocionou durante o enterro de sua mãe Marilene RodriguesRenan Areias / Agência O Dia
'Está sendo muito difícil', desabafa filha de idosa morta em rompimento de adutora
Monique Cristina Braga de Souza reclamou que de negligência por parte da Águas do Rompimento no rompimento que causou a morte de Marilene Rodrigues, de 79 anos
Rio - Familiares e amigos se despediram de Marilene Rodrigues, de 79 anos, na tarde desta quarta-feira (27), no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio. Emocionada, Monique Cristina Braga de Souza, filha da idosa, ressaltou que a mãe estava bem de saúde e lamentou a negligência por parte da Águas do Rio. Marilene morreu após o rompimento de uma adutora em Rocha Miranda.
"Está sendo muito difícil em termos de tristeza. Minha mãe era forte, por mais que tivesse 79 anos, mas era muito forte. A gente está passando esse turbilhão de coisas por uma senhora de 79 anos, cheia de saúde, que morreu desse jeito. Por causa de uma negligência da Águas do Rio, uma adutora que eles remendaram há 20 anos", desabafou Monique.
A filha de Marilene, que tem um filho com Síndrome de Down e uma filha de 2 anos, disse que a sua casa ficou interditada por causa do rompimento da adutora. Ela reclamou que a Águas do Rio forneceu uma estadia de dois dias em um hotel após negociações.
"Eu vou ficar no hotel por dois dias, minhas advogadas estão em cima deles. Senão, eles iam me mandar para um abrigo em São João de Meriti. Não tinha condições. Minha vida está parada e eu vou lutar pela minha mãe. Eu tenho que estar de pé para segurar meus filhos, que eu não tenho onde deixar, e pela minha mãe. Estou sem ajuda de ninguém, só minhas advogadas. Essa roupa que estou usando foi minha advogada que comprou. Elas também compraram leite para os meus filhos, mamadeira. Sabe qual foi a alimentação que a Águas do Rio nos forneceu? Lasanha. Como minha filha de dois anos vai comer lasanha?", indagou.
A idosa estava dormindo quando a casa onde morava, na Rua Opalas, desabou com o rompimento de uma adutora de água, na madrugada de terça-feira (26). O corpo dela foi encontrado soterrado horas depois. O incidente afetou outros imóveis, veículos chegaram a ser arrastados pela água e uma cratera se abriu no local.
Vanessa Dias, uma das duas advogadas que representa Monique, afirmou que a Águas do Rio complicou as negociações para uma estadia à família.
"Ontem (terça), desde a manhã, nós tentamos negociar com os advogados da concessionária para dar uma assistência digna a essas famílias que estão desalojadas. Eles estavam sem tomar banho, sem comer, sem trocar de roupa... A águas do Rio dificultou, a todo o momento, ficamos mais de nove horas em negociação. Por fim, nosso lado humano falou mais que o lado profissional e a gente decidiu levá-la por conta própria a um hotel. Comuniquei que estávamos indo ao hotel, que iríamos custear e depois veríamos como seria para pegar o reembolso. Quando a gente chegou lá, tinha um representante da concessionária que realizou o check-in por dois dias. Daqui a dois dias, a gente não sabe o que vai acontecer", reclamou.
A Águas do Rio, responsável pela adutora, informou por meio de nota que se solidariza com a família e garantiu que iria prestar toda a assistência necessária. "Técnicos estão realizando perícias e estudos de engenharia que definirão as ações e reparos necessários na tubulação. É importante destacar que o sistema de abastecimento herdado é antigo, como relatado pela população do bairro, e sua modernização está sendo realizada de forma gradual desde o início da concessão", comunicou a empresa.
No início da noite, a concessionária foi notificada pela Secretaria de Estado de Defesa do Consumidor (Sedcon) e pela Autarquia de Proteção e Defesa do Consumidor do Estado do Rio de Janeiro (Procon-RJ). A empresa deverá apresentar sua defesa e pode ser multada em R$ 13 milhões.
O caso é investigado pela 40ª DP (Honório Gurgel). Testemunhas estão sendo ouvidas e uma perícia também foi realizada no local.
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