Alexsandro Pohlnann em seu comércioDivulgação
A psicóloga Bárbara Couto, mestre em Psicologia Clínica e Saúde, explica que normas culturais e sociais incentivam os homens a internalizar as dificuldades e a nunca demonstrar fraqueza. Essa socialização masculina tradicional valoriza algumas características, como auto suficiência, controle emocional, força, e gera culpa e vergonha quando se tem algum tipo de sofrimento. “As pesquisas indicam que esses fatores são reforçados pelos ambientes sociais, familiares e profissionais. Desde que a criança nasce, o homem tem que engolir o choro para virar homem e nunca pode demonstrar nenhum tipo de sentimento. É como se o sentimento afetasse a masculinidade. Nesse contexto, a saúde mental é totalmente ignorada, porque é vista como fraqueza”, explica Bárbara.
Muitas vezes, os pais também foram educados dessa forma e perpetuam essa condição, fazendo o mesmo com os filhos. Além disso, na maioria das escolas não há o ensino da inteligência emocional, que poderia ajudar a mostrar que homens têm sentimentos assim como mulheres. Para Bárbara Couto, seria de suma importância que esse tema também fosse abordado em escolas para quebrar esse ciclo e da orientação sexual. E acaba tendo uma lacuna muito importante no desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais nos meninos e nos homens. Não temos, culturalmente, muitos modelos masculinos positivos que validem essa busca por ajuda, o que agrava o problema”, alerta ela.
Emoções reprimidas mudam o funcionamento cerebral dos homens
Os estudos em neurociência mostram que os homens, quando estão sob estresse emocional, ativam menos as regiões dos cérebros, que são ligadas à percepção e a expressão emocional. Com isso, a amígdala e o córtex pré-frontal ventromedial vão sendo reprimidos. “Para parte da sociedade, a única emoção que o homem pode ter é raiva, se tornando pessoas mais agressivas e mais difíceis de lidar. Essa educação, que muitos de nós temos, acabam perpetuando o ciclo de masculinidade tóxica e reforça o silêncio em relação à saúde mental. Poucos homens Conseguem reconhecer suas fragilidades e dificuldades em lidar sozinhos com suas emoções”, declara Bárbara Couto.
Os homens, que geralmente, já têm mais dificuldade na comunicação, quando não tratam da saúde emocional, têm essa dificuldade aumentada. E isso afeta negativamente os relacionamentos familiares, conjugais, sociais, e até a produtividade no trabalho. “Nos relacionamentos, eles são aqueles homens que explodem, ou que se distanciam emocionalmente, ou que não conseguem conversar, ou que, em qualquer conflito querem terminar a relação. E aí podem se tornar pessoas dependentes emocionais ou solitárias”, explica ela.
Ele disse ainda que tem certeza de que está muito bem de saúde e que, caso sinta algo relacionado à pré-diabetes, procurará um médico.
Já o funcionário público Lucian Grillo decidiu buscar ajuda psicológica depois de perceber que questões pendentes do passado estavam influenciando diretamente seu dia a dia. “Eu sentia dificuldade em reconhecer e lidar com meus próprios sentimentos, além de enfrentar uma ansiedade que ia além do normal. Foi um passo importante para entender melhor a mim mesmo e buscar equilíbrio emocional”, relata.
Preconceito em relação à terapia
Lucian afirma que tinha um certo preconceito em relação à terapia e que, na verdade, o que faltava era mais informação sobre sua importância e o trabalho do profissional de psicologia. “Sobre ter sido criado para ser forte, posso dizer que sim. Fui educado dentro daquele modelo tradicional, em que ‘homem não chora’ e não demonstra seus sentimentos. Esse tipo de pensamento, sem dúvida, afeta profundamente a saúde mental dos homens, porque cria uma barreira para que reconheçamos nossas vulnerabilidades e busquemos ajuda.”
Ele reconhece que a terapia trouxe mudanças profundas para sua vida. Afirma que, com o tratamento, conseguiu se acalmar em situações que antes o deixavam desconfortável e entender que muitas coisas, principalmente em relação aos pais, não são responsabilidade dele. “Aprendi que algumas crenças com as quais cresci não são definitivas e que, na verdade, meu cérebro adoecido me fazia acreditar que eu era insuficiente ou não merecedor. Hoje, confio muito mais em mim e no meu potencial. Também aprendi a regular minhas emoções e sentimentos, o que me permitiu viver de forma mais leve e equilibrada”, afirma Lucian.
De acordo com Bárbara, homens mais jovens têm mais abertura para buscar tratamento psicológico. A masculinidade tradicional vem sendo desconstruída e há maior conscientização sobre saúde mental na Geração Z. Além de ser uma geração de pais mais esclarecidos, os homens dessa geração são mais influenciados por campanhas nas redes sociais e por figuras públicas. “Na clínica, a maioria dos pacientes são mulheres.
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