Defesa do general Walter Braga Netto divulgou uma nota na tarde deste sábado (14)Marcelo Camargo / Agência Brasil

Rio - A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã deste sábado (14) Walter Souza Braga Netto, general da reserva do Exército, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro (PL), em Copacabana, Zona Sul do Rio. O militar "ficará sob a custódia do Exército, no Comando da 1ª Divisão do Exército", na capital fluminense.
O ex-vice de Bolsonaro na chapa de 2022 é alvo das investigações da Operação Contragolpe, que investiga uma tentativa de golpe e o homicídio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Segundo a PF, estão sendo cumpridos um mandado de prisão preventiva, dois mandados de busca e apreensão e uma cautelar diversa da prisão "contra indivíduos que estariam atrapalhando a livre produção de provas durante a instrução processual penal".
"As medidas judiciais têm como objetivo evitar a reiteração das ações ilícitas", afirma a corporação. A operação está sendo realizada no Rio e em Brasília, com o apoio do Exército.
A Folícia Federal também realizou buscas na casa do Coronel Flávio Botelho Peregrino, também militar da reserva, em Brasília.
Investigação
Em novembro, a PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e os ex-ministros Braga Netto e Augusto Heleno no inquérito que investiga a tentativa de golpe em 2022. São, ao todo, 37 pessoas indiciadas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também consta da lista.
Braga Netto é apontado pela Polícia Federal como uma figura central na tentativa de golpe. Ele era integrante do "Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado" e do "Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas".
Ele era responsável por eleger alvos para amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investidas golpistas e por influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação.

"Os elementos probatórios obtidos ao longo da investigação evidenciam a sua participação concreta nos atos relacionados à tentativa de golpe de Estado e da abolição do estado democrático de direito, inclusive na tentativa de embaraçamento e obstrução do presente procedimento", diz a PF.

O general da reserva é um dos personagens mais mencionados no relatório de 884 páginas da Operação Contragolpe, sendo citado 98 vezes. A operação resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros 36 acusados por três crimes: tentativa de abolição do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa.

Segundo o relatório, as "ações operacionais para o cumprimento de medidas coercitivas foram planejadas em reuniões que ocorreram na cidade de Brasília, nos meses de novembro e dezembro de 2022".
Ainda de acordo com os federais, em reunião do dia 8 de novembro, pouco depois do segundo turno da eleição presidencial, os militares investigados ajustaram a elaboração do plano que seria exibido a Braga Netto

A defesa de Braga Netto, no entanto, afirma que ele "não tomou conhecimento de qualquer documento relacionado a um suposto golpe, nem do planejamento de assassinato de alguém". Em relação à prisão de hoje, ainda não houve manifestação oficial.
*Com informações do Estadão Conteúdo