Alexandre Rangel divulga arrecadação para ajudar família vítima da PRF no RioReprodução/ Redes sociais

Rio - Baleado na mão, o pai da jovem Juliana Leite Rangel, 26, atingida na cabeça na Rodovia Washington Luiz (BR-040) na véspera de Natal de 2024, anunciou a criação de uma "vaquinha" na internet para ajudar a família. Alexandre Rangel, 53, trabalha de maneira autônoma como mecânico e está impossibilitado de exercer o ofício por conta do ferimento que sofreu no dedo, além do estado psicológico. 
No próximo dia 8, o pai da família de Belford Roxo retorna ao Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Caxias, para checar se vai precisar passar por cirurgia. O tiro sofrido "espatifou o dedo de uma maneira que não deu para levar ponto", explica. Durante a ocorrência, o motorista deitou-se dentro do carro e a bala entrou no encosto. "Se eu estivesse dirigindo, não estaria mais aqui. Deitei, e Deus guiou o carro", recorda-se.
Além disso, o cilindro de gás serviu de escudo e não atingiu outros passageiros do veículo, que estava cheio, com cinco passageiros e um cachorro. O grupo estava a caminho da casa da filha mais velha de Alexandre, em Itaipu, região litorânea de Niterói, para a noite de Natal.
Com a impossibilidade de trabalhar, a família está passando por problemas financeiros. "Tenho muito gasto indo ao hospital todo dia. Às vezes, vou de manhã e retorno à noite. A única coisa que fizeram por nós foi ceder motorista. O dinheiro se acabou", conta Alexandre. Uma publicação na rede social nesta segunda-feira indica a chave pix para doação: alexandre.ranngel1971@gmail.com.
O pai de Juliana considera um milagre a melhora da filha. "Eu nunca deixei de acreditar em Deus. Ali no carro, naquele momento dos tiros, eu tinha perdido até a esperança, mas veio a luz no fim do túnel. Eu fiz um propósito com Deus naquela hora", afirma. Alexandre conta que a filha está interagindo com ele e confirmou com a cabeça que se lembra de que estava no carro atingido e de que estavam indo para a casa da irmã dela.
A Prefeitura de Duque de Caxias, através da Secretaria Municipal de Saúde e direção do Hospital Adão Pereira Nunes, informou nesta segunda-feira que a paciente apresenta bom estado geral, hemodinamicamente estável e mantendo melhora progressiva a cada dia. A direção da unidade informa que Juliana segue respirando através da traqueostomia, em ar ambiente, acordada, interagindo com o examinador, respondendo a comandos e mobilizando os quatro membros.
Do ponto de vista neurológico, a jovem vem progredindo o nível de consciência, sem novos déficits, com melhora clínica e laboratorial mantidas. Ela está recuperando as funções motoras e cognitivas, sem sinais de sequelas permanentes irreversíveis, já sendo iniciado processo de reabilitação, diz a nota. 
"A paciente segue em terapia intensiva, em acompanhamento pelo serviço de neurocirurgia, psicologia, em conjunto com equipe multidisciplinar. Sem previsão de alta do CTI", finaliza o boletim.
O caso
Juliana foi baleada na cabeça no último dia 24, a caminho da ceia de Natal, na casa da irmã. Ela, o pai, Alexandre Rangel, a mãe, Dayse Leite, o irmão, de 17 anos, e a namorada dele, estavam no veículo, modelo Fiat Siena, atingido por tiros de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
De acordo com a família, os policiais não deram nenhuma ordem de parada antes de dispararem contra o veículo. Inicialmente, os agentes defendiam a versão de que ouviram tiros e, por isso, atiraram contra o carro.
O caso é investigado internamente pela corporação e os policiais foram afastados. O Ministério Público Federal (MPF) também abriu inquérito para apurar a ação dos agentes.