Corpo do coreógrafo Fabio de Mello foi velado no Cemitério do CatumbiGabriel Salotti / Agência O Dia

O corpo de Fabio de Mello, coreógrafo cinco vezes campeão com a Imperatriz Leopoldinense, foi cremado no início da tarde deste sábado (1º), no Cemitério do Catumbi, Região Central do Rio. O velório começou por volta das 9h30, com a presença de poucos familiares e amigos. Representantes do Carnaval, onde o artista tanto brilhou, no entanto, quase não foram vistos na despedida. Fabio morreu na última terça-feira (28), aos 61 anos, em casa. A causa não foi informada, mas ele sofria da síndrome de Guillain-Barré, distúrbio neurológico que provoca fraqueza muscular e paralisia.

Irmão do premiado coreógrafo, Ricardo Mello, 58, destacou um pouco do legado do artista, que revolucionou as comissões de frente na década de 1990. "Fabio de Mello foi gigante, como ser humano e como artista. Inicialmente, formado como coreógrafo na Holanda, trouxe uma bagagem para o Brasil que envolveu desde a constituição do balé contemporâneo no Rio de Janeiro até espetáculos fantásticos sobre personalidades, como Nijinski, Mário Quintana e Lupicínio Rodrigues. Fez também iluminação, ópera, mas a faceta mais conhecida foi a do Carnaval, uma paixão que veio dos nossos pais", lembrou.

Ricardo também falou sobre os últimos anos do irmão e a luta contra a doença. "Ele escolheu Nova Friburgo para morar e acabou sendo acometido pela síndrome, que foi o debilitando, e com todo o apoio que a rede tentou fornecer, mesmo assim, não foi o suficiente para garantir uma sobrevida maior, como todos nós desejaríamos".

O irmão se emocionou ao enumerar as qualidades do artista. "O Fabinho, que para mim, muito antes de vir o Fabio, veio o meu irmão, que eu conheço desde que nasci, sempre foi muito carinhoso e amoroso. De frases, gestos, presentes. Uma pessoa que sempre se fez muito presente, com muita vida. Esse momento é muito complicado para a gente porque vimos como se fosse a chama de uma vela se apagando, e a gente sem condição de fazê-la continuar acesa".

"Vimos uma pessoa com um brilho intenso chegar em um ponto de vida que ele estava triste. Isso foi muito complicado para nós, da família, exatamente porque conhecemos a personalidade dele, com afeto. Ele tem vários afilhados. As crianças gostavam muito de Fabio de Mello. Eu tenho três filhos, três sobrinhos dele, só veio o mais velho porque o laço era muito forte com ele, pegou no colo. Foi o que ele mais teve contato, porque depois o Fabio foi para Friburgo. Uma pessoa gigante", completou Ricardo.

Por fim, ele se mostrou surpreso com a grande comoção. "A gente recebeu mensagens de todo o meio artístico, cultural e carnavalesco. Nessa hora, temos um retorno da dimensão exata. Para nós, era um grande artista que às vezes, víamos muito além do nosso tempo, com ideias de vanguarda. Tanto é que algumas escolas de samba e comissões de frente, quando são contemplados, fazem menção a ele, antes mesmo de ter acontecido a passagem dele. Nesse ponto, a gente fala: 'É um cara que deixou essa marca'. A família pretende levar essa tradição adiante, nunca deixando a chama se apagar."

Depois da vitoriosa passagem pela Imperatriz, onde fez uma parceria imbatível com a carnavalesca Rosa Magalhães, o artista atuou, ainda, na Mocidade Independente, Viradouro e Beija-Flor. Após deixar o universo do Carnaval, enfrentou um grande período de depressão.
 
Colaborou: Raphael Perucci