Yuri Pereira Gonçalves, o Pará, estava escondido na casa do rapper OruamReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Preso na casa do rapper Oruam é acusado de integrar quadrilha de roubos de celulares e extorsão
Segundo a denúncia, Yuri Pereira Gonçalves, o Pará, participa do grupo alvo da Operação Omiros, realizada no dia 18 de fevereiro
Rio - Yuri Pereira Gonçalves, conhecido como "Pará", preso nesta quarta-feira (26) durante uma operação contra o rapper Oruam, é acusado de integrar a quadrilha especializada em roubo de celulares e extorsão, alvo da Operação Omiros na última semana. Segundo a denúncia, ele é um dos assaltantes que atuava na cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
O juiz Renan de Freitas Ongaratto, da 1ª Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJRJ), decretou a prisão preventiva do criminoso no dia 27 de janeiro pelo crime de promoção, constituição, financiamento ou integração de organização criminosa, acolhendo solicitação do Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ).
De acordo com a denúncia do MPRJ, Yuri era um dos responsáveis por conseguir os celulares de forma ilícita em Caxias e os direcionar para os líderes da quadrilha para revenda. Conversas interceptadas pelos policiais civis que investigaram o grupo revelaram que o denunciado, assim como outros integrantes da organização, arquitetou e participou dos roubos. Ao todo, 43 pessoas viraram réus no processo.
"Observa-se que há provas da existência do crime e indícios de que os réus supostamente sejam os autores da conduta ilícita indicada nos autos. Tal conclusão decorre das interceptações telefônicas que demonstram a constituição de uma complexa organização criminosa, bem estruturada, voltada para a receptação de aparelhos celulares roubados e furtados, no intuito de receberem, em primeira mão, os aparelhos subtraídos e praticarem extorsão contra os proprietários dos aparelhos cujas senhas não puderam ser obtidas de forma fraudulenta e, caso não sendo possível realizar o desbloqueio dos telefones subtraídos, para que possam ser utilizados por outros usuários, os transgressores negociam, tão somente, as respectivas peças dos aparelhos", escreveu Ongaratto.
A Operação Omiros, deflagrada no dia 18 de fevereiro, prendeu 37 pessoas que seriam integrantes do grupo especializado em roubo e extorsão. De acordo com as investigações, após tomar os telefones, os criminosos ameaçavam as vítimas, de diferentes maneiras, para obter informações presentes no aparelhos, sobretudo, de contas bancárias.
A organização ainda tinha permissão do Comando Vermelho para atuar nas áreas de domínio da facção em troca de parte dos lucros. Para conseguir exclusividade no fornecimento dos celulares, líderes da quadrilha forneciam armas aos ladrões, evitando intermediários e estabelecendo vínculos com os traficantes.
"Há muito tempo que essa facção deixou de apenas vender drogas. Hoje, ela explora territórios e, dentro destes, pratica diversos crimes e às vezes subloca o espaço para que outros pratiquem crimes. Eu chamo de 'coworking do crime'. O roubo é apenas mais um, assim como o transbordo do roubo de carga, clínicas de aborto, local de depósitos de produtos pirateados, venda de gás e internet. Há muito tempo deixou de ser apenas tráfico. Hoje, eles funcionam como narcoterroristas. É muito mais grave. Isso é uma afronta ao estado e uma afronta a soberania", explicou, na época, o delegado Pedro Bittencourt Brasil, titular da Delegacia de Defesa de Serviços Delegados (DDSD), responsável pela investigação.
"Ele é uma pessoa normal"
Yuri foi encontrado nesta quarta-feira (26) na casa do rapper Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, o Oruam, de 23 anos, no Joá, na Zona Oeste. O cantor, investigado por realizar disparos no interior de um condomínio em São Paulo, foi preso em flagrante por favorecimento ao abrigar o amigo, que era considerado foragido da Justiça.
Durante as buscas na residência de Oruam foram apreendidas diversas armas de airsoft, joias, celulares, rádios comunicadores, uma pistola 9mm, munições e um kit rajada. Segundo a Polícia Civil, a pistola foi encontrada no cômodo em que Yuri dormia. Na delegacia, ele assumiu a posse dos materiais ilícitos. Por isso, além do cumprimento do mandado de prisão, Pará foi preso em flagrante por porte ilegal de arma.
O rapper foi liberado horas depois de sua prisão após assinar um termo circunstanciado, se comprometendo a comparecer ao Juizado Especial Criminal (Jecrim). Ao deixar a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, na Zona Norte, Oruam reafirmou sua amizade com Yuri.
"Ele não é traficante não, cara. Ele é uma pessoa normal e é meu amigo. Eu não sabia que ele estava foragido", comentou.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.