O MPRJ destacou que nenhum objeto roubado foi encontrado com Igor e ThiagoArquivo / Agência O Dia

Rio - O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) solicitou, nesta quinta-feira (6), o arquivamento da investigação contra o influenciador do Botafogo Igor Melo de Carvalho e o mototaxista Thiago Marques Gonçalves. Eles foram presos sob suspeita de roubar o celular de uma mulher na Zona Norte do Rio, mas a análise das provas demonstrou que os dois não estavam no local do crime no momento do ocorrido.
O pedido foi feito pela Promotoria de Justiça junto à 29ª Vara Criminal da Capital, que alegou falta de provas contra os dois. O caso aconteceu na madrugada do dia 23 de fevereiro, na Rua Irani, na Penha, Zona Norte do Rio.
Igor foi baleado nas costas pelo policial militar reformado Carlos Alberto de Jesus após a mulher dele, Josilene da Silva Souza, acusá-lo de roubo. O influenciador tinha acabado de sair do trabalho em uma casa de samba e subiu na garupa de Thiago, mototaxista que ele solicitou por aplicativo. Após ser atingido, ele foi levado para o hospital, precisou passar por cirurgia e perdeu um rim.
Apesar de terem sido presos em flagrante, registros do aplicativo, imagens de câmeras de segurança e mensagens de celular comprovaram que Igor e Thiago estavam trabalhando no momento do crime. Segundo o MP, "em nenhuma hipótese haveria condição de Igor e Thiago estarem no local do roubo entre 01h15 e 01h20 da manhã, uma vez que estavam comprovadamente ocupados com suas atividades".
Na audiência de custódia realizada em 25 de fevereiro, a Justiça mandou soltar os dois devido à fragilidade das provas. O MP destacou que nenhum objeto roubado foi encontrado com os indiciados e que a identificação feita pela vítima foi equivocada, baseada apenas nas roupas que usavam.
Além do arquivamento da investigação, a Promotoria pediu a devolução da motocicleta de Thiago, apreendida no dia 23, e solicitou que o órgão acompanhe as investigações sobre a conduta do policial militar que confessou ter atirado em Igor.
'Tenho duas datas de nascimento'
Igor recebeu alta do Hospital Getúlio Vargas no dia 2 de março. Nesta sexta-feira (7), o influenciador publicou um desabafo em seu perfil nas redes sociais.
"Agora tenho duas datas de nascimento [ ...] Hoje estou aqui, sem um rim, com o estômago perfurado e com diversos traumas psicológicos, mas com forças para agradecer a Deus pela minha vida, pedir justiça e um basta no racismo. Não aguentamos mais sermos os alvos", narrou Igor. 
PM mudou versão inicial
O PM reformado Carlos Alberto e a mulher, Josilene, alteraram a versão dos fatos durante o depoimento na 22ª DP (Penha). Inicialmente, o agente afirmou ter visto o influenciador do Botafogo armado na garupa da moto de Thiago Marques, o que o levou a atirar. Posteriormente, ele disse que Igor teria colocado a mão próxima à cintura e feito um movimento que sugeria estar armado.
Carlos Alberto acrescentou ainda que ordenou a parada dos dois homens, mas eles não obedeceram. Josilene também modificou trechos de seu depoimento e incluiu novas informações. Agora, ela recua da alegação de ter visto uma arma com os acusados e afirma apenas ter notado um volume na cintura de Igor, que acreditava ser uma arma.
No primeiro depoimento Josilene afirmou ter visto um homem de blusa amarela armado, que teria apontado a pistola para o seu rosto, roubado seu celular e fugido em seguida.