O Santuário Arquidiocesano de Santa Rita, no CentroDivulgação
Igreja de Santa Rita, no Centro, é elevada a santuário arquidiocesano; entenda a diferença
Prédio está situado em região histórica por abrigar um dos primeiros cemitérios de escravizados do país
Rio – A Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia, localizada no Largo de Santa Rita, no Centro, foi elevada à condição de santuário arquidiocesano. A administração do templo usou as redes sociais para comemorar o novo título e anunciar que a missa de oficialização, presidida por Dom Orani Tempesta, cardeal-arcebispo do Rio, acontece no sábado (22), às 11h. Mas, afinal, o que essa mudança significa?
Igreja é o local para pregação dos ensinamentos de Jesus Cristo, onde as pessoas buscam uma proximidade maior com Deus. Já o santuário pode ser uma igreja ou lugar sagrado que se torna destino para uma quantidade significativa de peregrinos e romeiros que desejam venerar o santo que é cultuado no espaço.
Os motivos que atraem essas pessoas para tais lugares podem ser diversos: uma imagem, uma relíquia ou um milagre que tenha ocorrido por lá em modo sobrenatural.
Um santuário pode ser internacional, em caso de aprovação da Santa Sé (jurisdição eclesiástica da Igreja Católica em Roma); nacional, se a decisão partir da Conferência Episcopal; ou arquidiocesano, como no caso do Santa Rita, já que o decreto foi assinado por Dom Orani. Mas há as exceções, de santuários sem decreto, que ganham a condição pela tradição, devido à procura centenária ou imemorial de peregrinos.
Após o anúncio do agora Santuário Arquidiocesano nas redes, diversos seguidores de Santa Rita, conhecida como a "Santa do Impossível" e celebrada em 22 de maio, e frequentadores da igreja – a terceira criada no Rio no período colonial e a primeira do país em homenagem à santa – celebraram a novidade: “Salve Santa Rita de Cássia! Amém”, vibrou uma; “Que notícia maravilhosa”, comemorou outra; “Louvado seja Deus! Que alegria para nossa comunidade da Matriz de Santa Rita! Muito obrigada, Dom Orani”, agradeceu uma terceira.
Cemitério de escravizados
Uma curiosidade sobre o Largo de Santa Rita, onde o prédio do atual Santuário Arquidiocesano começou a ser construído em 1719, é que a região abriga aquele que é considerado um dos primeiros cemitérios para africanos vítimas da escravidão recém-chegados à cidade.
Os chamados “pretos novos” que desembarcavam no Rio já mortos eram empilhados, queimados e enterrados em frente à então Igreja de Santa Rita, entre 1722 e 1769. Nas proximidades, ficava o mercado de escravizados da Praça XV.
Com covas rasas para os mortos – a maioria em decorrência de maus-tratos, exaustão e doenças, como varíola, por causa da insalubridade durante a viagem –, o cemitério no Largo de Santa Rita funcionou por mais de 40 anos até a transferência para o Cais do Valongo, na Zona Portuária, por volta de 1779.
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