Primeira Igreja Batista em Vila Kennedy, na Zona Oeste Reprodução
‘Próximo da família’, diz mãe sobre pastor de igreja na Vila Kennedy julgado por abusar de menina
Vítima foi abusada em várias oportunidades, entre novembro de 2020 e abril de 2021, quando tinha apenas 11 anos
Rio – O II Juizado de Violência Doméstica do Fórum Regional de Bangu realizou na tarde desta segunda-feira (31) a segunda audiência de instrução e julgamento no processo da família de uma menina contra um pastor que pregava na Primeira Igreja Batista em Vila Kennedy, Zona Oeste. Ele é acusado de abusar sexualmente da vítima em várias oportunidades, entre novembro de 2020 e abril de 2021, quando a criança tinha apenas 11 anos.
Segundo a família, o abuso foi descoberto depois que a garota perguntou ao avô o que era estupro. Depois que ele explicou, ela relatou um contato físico por parte do pastor.
Depois, no consultório dele, que é psicólogo e se ofereceu para realizar um tratamento da menina, ela disse aos parentes, que ficaram do lado de fora aguardando, que o homem a teria colocado no colo, passado a mão nos seios dela e esfregado a barba em seu pescoço. Em uma outra oportunidade, ela chegou a gravar uma conversa entre os dois como prova.
Ao DIA, a mãe da vítima, que esteve na audiência com outros familiares como testemunha de acusação, lamenta, ainda muito abalada, a história: "O pastor era próximo da família, foi ele que levou minha filha para a igreja quando ela tinha dois anos. Pensávamos que era de boa índole, mas depois descobrimos que não presta".
'Nunca mais foi a mesma'
A mãe disse que a menina mudou de comportamento substancialmente após os abusos: "Ela sempre foi amorosa com a gente, mas nunca mais quis ficar perto de ninguém. Ela era apegada ao pai e ao avô e não é mais. No aniversário dela, a gente dá os parabéns de longe. Na época, ela se isolou para o mundo. Até hoje ela não consegue se aproximar de pessoas do sexo masculino. Depois disso, nunca mais foi a mesma".
O pastor, de acordo com a família da garota, continua negando as acusações e se defende questionando a sanidade mental da vítima.
"Ele alega que ela é maluca, mas não é. Ela tem ansiedade. Na época estava estabilizada e começou a ter crises depois desses fatos", disse a mãe.
O julgamento
Os advogados Carlos Nicodemos e Rodolfo Xavier, que representam a família da vítima, ressaltam que o pastor foi indiciado após investigações da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) e denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). O processo corre em segredo de Justiça e o pastor, que nunca chegou a ser preso, responde em liberdade.
Sobre a audiência com a família nesta segunda, a defesa acredita que os relatos podem pesar no resultado. “Confirmaram categoricamente o abuso, com riqueza de detalhes. Estamos confiantes, sobretudo agora com os depoimentos dos familiares. E foi emocionante também, a avó chorou muito", disse Xavier, destacando que a próxima etapa é a audiência para ouvir as testemunhas de defesa e o próprio pastor, e que confia de que uma sentença saia ainda em 2025.
Para Nicodemos, que também é membro do Conselho Nacional de Direitos Humanos, pastor e igreja devem ser penalizados: "Trata-se de um caso bárbaro que viola a dignidade de uma criança rebatendo na religiosidade de uma família e uma comunidade que requer uma responsabilização do autor e uma reparação da igreja".
A reportagem de O DIA procurou a Primeira Igreja Batista em Vila Kennedy para pedir um pronunciamento, mas não obteve resposta. Não foi possível entrar em contato com a defesa do pastor.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.