Evento na Praia de Copacabana celebrou 15 anos da unidade de conservação das Ilhas CagarrasReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - O Instituto Chico Mendes (ICMBio) realizou uma ação para comemorar, neste domingo (13), os 15 anos de fundação da área de preservação marítima das Ilhas Cagarras, com programação gratuita na Colônia de Pesca Z13, no Posto 6 da Praia de Copacabana. Exposição de animais marinhos, mostra de fotos, bolo de aniversário temático e uma "sereia" estiveram entre as atividades do dia.

O evento também contou com a inauguração da primeira embarcação da unidade de conservação, gerenciada pelo Instituto Chico Mendes (ICMBio). Ela é uma lancha inflável cabinada com capacidade para até 13 pessoas, criada para ampliar a presença de conservação no arquipélago, localizado a cerca de 5 km da Praia de Ipanema.

A celebração começou com uma exibição de exemplares da fauna marinha das ilhas, cedidas pelo acervo do Museu Nacional, como estrelas-do-mar, esponjas e até um tubarão.
Além disso, animais marinhos vivos, como baiacu e ouriço-do-mar, foram expostos em uma piscina colocada na areia. Comandando essa piscina, a bióloga Luciana Fuzetti, que se vestiu de sereia, e os pescadores Marcos Santana e Marcos Antônio de Sousa, deram uma aula completa de educação ambiental e pesca artesanal e sustentável durante o evento.
Uma maquete das Ilhas Cagarras também chamou a atenção do público, assim como uma mostra fotográfica possibilitada devido às parcerias com o Projeto Ilhas do Rio/Instituto Mar Adentro e Instituto Mar Urbano.
"O MONA Cagarras ainda está debutando no mundo da conservação marinha e nós estamos muito felizes hoje. Nesses anos, consolidamos a importância da unidade para o ecossistema marinho e insular do Rio. Trabalhamos muito para conhecer e proteger a rica biodiversidade do arquipélago, ordenar e melhorar as experiências dos visitantes, reduzindo seus impactos negativos, e, recentemente, adquirimos a nossa primeira embarcação, apresentada oficialmente hoje e que auxiliará ainda mais a nossa gestão”, comemorou Tatiana Ribeiro, chefe da unidade de conservação.
Sobre o arquipélago

O Monumento Natural das Ilhas Cagarras, nome da unidade de conservação, foi criado em 2010 com o objetivo de preservar o ecossistema do arquipélago, composto por quatro ilhas: Palmas, Comprida, Cagarra e Redonda; e duas ilhotas: Filhote da Cagarra e Filhote da Redonda.

O ambiente, que possui cerca de 91,23 hectares, possui uma rica biodiversidade marinha, que inclui espécies ameaçadas de extinção e com potencial uso econômico e farmacêutico, como o cavalo-marinho e a tesourinha.
O local também é considerado um santuário para aves marinhas, servindo como um local de descanso e reprodução para cerca de 50e espécies, além de abrigar uma das duas principais colônias reprodutivas de fragatas do Atlântico Sul e a segunda maior de atobás-marrom da costa brasileira. O arquipélago também serve como um dos melhores abrigos na costa da cidade do Rio de Janeiro para baleias e golfinhos e é um referencial geográfico para as orcas.
Em 15 anos, dentre alguns avanços ambientais históricos, está a obtenção, em 2021 e com o apoio técnico-científico do projeto Ilhas do Rio, do título de Ponto de Esperança (Hope Spot, em inglês). Este é um reconhecimento concedido pela Mission Blue, uma aliança mundial liderada pela referência internacional em conservação marinha. Esta certificação sinaliza para o mundo os ambientes marinhos com alta biodiversidade, mas que estão com seu equilíbrio ameaçado e precisam de proteção - no caso das Cagarras, há 15 anos ela passou a contar com a proteção federal. No Brasil, além do arquipélago, só o Banco dos Abrolhos, na Bahia, possui essa classificação de Hope Spot.
Nova trilha oceânica
Durante a cerimônia deste domingo (13), foi anunciada, pela primeira vez, a implementação do primeiro trecho oceânico da Trilha Transcarioca. Hoje, a Transcarioca é uma trilha de longo curso do Rio de Janeiro, com 180 km de extensão, que sai da Barra de Guaratiba, na Zona Oeste, e termina no Morro da Urca, aos pés do Pão de Açúcar, na Zona Sul. Com a aprovação da adesão da trilha da Ilha Comprida à Transcarioca, esta trilha de longo curso que o Rio já possuía agora avança para o mar.
“Nosso planejamento é inaugurar, em agosto deste ano, um circuito de trilha na Ilha Comprida, que é uma das quatro grandes ilhas que formam o MONA Cagarras. A caminhada será sobre o costão rochoso e em pequenas áreas da Mata Atlântica insular. Estão sendo finalizados alguns ajustes, envolvendo o conselho gestor e o Mosaico Carioca, como, por exemplo, o modelo de visitação a ser adotado – que deve ser um modelo autoguiado, onde o visitante possa, por exemplo, contratar um guia na colônia ou escolher uma das empresas que já operam o turismo e são credenciadas pelo MONA Cagarras para transportar os visitantes. A partir daí, a pessoa chega até a Ilha Comprida, faz o desembarque e se conecta com o trecho insular da Transcarioca, seguindo toda a sinalização que já estamos instalando.”, detalhou Breno Herrera, gerente da GR4 do Sudeste do ICMBio.

De acordo com o Instituto, esta trilha oceânica foi desenhada há muitos anos, junto com os diversos conselheiros da unidade de conservação, e é uma iniciativa prevista no Plano de Manejo e no Plano de Uso Público do MONA Cagarras.
Está em fase de conclusão a sinalização da trilha e a elaboração de placas interpretativas, além do trabalho final de credenciamento dos condutores que estarão autorizados a levar os turistas até a Ilha Comprida.