Caso foi investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav)Arquivo / Agência O Dia

Rio - Uma família moradora da Barra da Tijuca, na Zona Oeste, aguarda, desde 2019, pelo desfecho de um caso de assédio sexual sofrido pelo filho, na época com 11 anos. O crime teria sido cometido por um vizinho. Segundo os denunciantes, a criança ficou traumatizada com a situação, "perdendo toda a sua infância".

Ao DIA, o pai da vítima informou que o acusado observava a movimentação do garoto, inclusive andando próximo à escola e monitorando o momento que ele chegava no condomínio. Em uma das abordagens, de acordo com o pai, o vizinho chegou a colocar a mão no pênis da criança e tentou beijá-la.

“Esse senhor sabia a hora que a gente chegava do colégio. Ele ficava atrás da porta da escada do meu andar e saía de repente, vinha me abraçar ao mesmo tempo que tentava beijar o garoto e botava a mão no pênis dele. Ele é maior que eu e, por isso, mais difícil de segurar, mas sempre tentou. Era muito comum fazer isso. Ele também ficava andando na rua paralela ao colégio do meu filho. Acho que queria pegar o garoto. Não sei o que passa na cabeça de uma pessoa que gosta de crianças. Que tormento”, contou.

O pai ainda destacou que o prédio não tem câmeras em todas as áreas, como na escada, e, por isso, tinha medo do acusado arrastar o menino para um local isolado e abusá-lo. “Ele não chegou à conjunção carnal porque eu sempre estava com meu filho. Se não fosse eu, ele levava meu filho para a escada e o estuprava. Não tem uma câmera e ele levaria, mas eu nunca o deixava sozinho”, afirmou.

O ano passou e começou a pandemia da covid-19, que causou a suspensão das aulas presenciais. Contudo, mesmo com a situação normalizada, o garoto não voltou ao colégio e começou a estudar em casa devido ao trauma. De acordo com a família, ele não anda sozinho na rua e teve a infância impactada pelo assédio.

“Levei o menino ao psiquiatra e resolvemos deixar ele estudando à distância. Agora, ele não desce sozinho, não tem vida social, está há cinco anos sem ir ao colégio e só sai comigo. O garoto perdeu a infância dele por um maluco como esse. O cara tirou a infância toda por prazer. Se Deus quiser, a justiça será feita”, completou.
Na época, o caso foi registrado na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav). Segundo a Polícia Civil, o inquérito foi concluído e relatado ao Ministério Público do Rio (MPRJ), em 2022, com o indiciamento do autor.

A família informou que o MPRJ chegou a pedir a prisão do acusado, mas a Justiça determinou o cumprimento de medidas cautelares como o afastamento de 10 metros da vítima e a proibição de afastamento da cidade do Rio por mais de 15 dias. Uma nova audiência sobre o caso acontecerá no início de maio.

Cadela envenenada

Em novembro do ano passado, a família sofreu um novo baque: a perda da cadela, que estava há 11 anos junto com eles. O atestado de óbito apontou envenenamento. A morte aconteceu um dia antes de uma audiência do caso de assédio.

De acordo com o laudo, o animal deu entrada em uma clínica da Barra da Tijuca, no dia 12 de novembro, com quadro de falta de ar, hipoxia e reflexos neurológicos intermitentes que resultaram em uma parada cardíaca. Os veterinários conseguiram reverter a situação, porém, 48 minutos depois, o cão teve refluxo com sangue vivo devido ao envenenamento, ocasionando em uma segunda parada cardíaca, sendo essa fulminante.

Para a família, o vizinho teria colocado veneno para a cadela como uma forma de atingi-los e atrapalhar a audiência do dia seguinte.

“Da varanda dele, ele consegue colocar veneno na minha. Nós pensamos que ele fez isso justamente para não comparecermos à audiência. Realmente, a minha mulher não compareceu. Eu sei que esse caso não é o mais grave, mas o meu filho tem 200 fotos com a cachorra. Era como se eles fossem irmãos. Tinha um carinho enorme com ela. Esse senhor fez duas maldades, sendo uma banalizar sexualmente a criança”, destacou o pai.
Esse caso foi registrado na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA). Questionada, a Polícia Civil ainda não respondeu sobre a investigação.