Durante a visita à fábrica da Nissan, Lula destacou os números da indústria brasileira no último ano e o papel das montadoras na economiaRicardo Stuckert/PR

Antes do seu discurso, o presidente assinou o decreto de regulamentação do Mover - Programa Mobilidade Verde e Inovação – que estabelece parâmetros técnicos e ambientais obrigatórios para a indústria automotiva, tais como consumo energético mais eficiente, uso de materiais recicláveis e adoção de tecnologias avançadas de segurança veicular, e que passam a valer a partir de junho deste ano.
Em sua fala, Lula destacou os números da indústria brasileira no último ano e o papel das montadoras no momento da economia, além da promessa de investimento da Nissan. O presidente exaltou o novo veículo, mas provocou uma pequena saia justa durante seu discurso, ao perguntar o preço do Kicks, que ainda não foi divulgado, a um dos executivos da empresa.
A cerimônia também marcou os 11 anos de operações da planta fluminense da marca. A fábrica de Resende, que já possui cerca de dois mil funcionários, vai ver o efetivo crescer, pois o presidente da Nissan para América Latina, Guy Rodriguez, anunciou a criação de 400 novos postos de trabalho para a linha de produção do novo veículo.
O incremento das exportações a partir de Resende é uma resposta aos impactos da política tarifária do governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Com a disputa tarifária e, principalmente os embates entre Estados Unidos e China, há o temor de que haja uma desembarque maior da frota chinesa no mercado brasileiro.
E embora tenha evitado comentar sobre a política tarifária americana, Rodriguez exaltou os números da Nissan na América Latina e a intenção de aumentá-los, justamente para marcar território ante uma possível "invasão chinesa".
"O Brasil representa 20% das vendas na América Latina. As vendas equivalem a 15% do total global da marca. Além disso, 92% do que é vendido aqui, é produzido aqui. Acompanhei toda a transformação de nossa unidade de Resende e estamos prontos para produzir", afirmou Rodriguez.
O novo modelo do Kicks já tem data marcada para o início da produção, em junho, com exportação inicialmente para Argentina e Paraguai. No entanto, a Nissan já anunciou para 2026 a produção de um segundo modelo SUV, cujo nome ainda não foi divulgado, e que deve ter um preço menor que o Kicks. Esse tem exportação prevista para até 20 países latino americanos.
Objetivos no Brasil
De acordo com Guy Rodriguez, o objetivo da empresa é chegar a 7% das vendas do mercado nacional, o que seria dobrar os números atuais, já que a montadora teve cerca de 3,5% de vendas do mercado brasileiro em 2024.
Além disso, em 2024, a empresa teve um crescimento de 21 % nas vendas em relação ao ano anterior. Para alcançar esse objetivo, ele destaca os benefícios recebidos por meio de programas do governo federal, como o Mover, citado anteriormente.
"Para nós, é importante a previsibilidade. Temos um programa como o Mover, que ajuda em nossos investimentos no sentido de trazer tecnologia. Então isso incentiva para eu possamos trazer essa nova metodologia não só para as montadoras, como também para os fornecedores. Então estamos realmente vendo o que podemos fazer aqui. O talento brasileiro é muito bom, é reconhecido", disse.
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