MPRJ pediu a condenação de acusados pelo crime de incêndio no Ninho do UrubuReginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu, neste domingo (11), a condenação de todos os acusados pelo incêndio culposo ocorrido no Centro de Treinamento Presidente George Helal, conhecido como Ninho do Urubu, do Flamengo. O incêndio aconteceu na madrugada de 8 de fevereiro de 2019, deixando dez adolescentes mortos e outros três feridos.
Após ouvir mais de 40 testemunhas ao longo de três anos, a Promotoria de Justiça vinculada à 36ª Vara Criminal da Capital concluiu que os acusados tiveram responsabilidade pelo ocorrido. São eles: Antonio Marcio Mongelli Garotti e Marcelo Maia de Sá, do setor administrativo do centro de treinamento; Claudia Pereira Rodrigues, Danilo da Silva Duarte, Fabio Hilario da Silva e Weslley Gimenes, responsáveis pelos contêineres usados como alojamento dos adolescentes; e Edson Colman da Silva, contratado para realizar a manutenção dos aparelhos de ar-condicionado. 
Das 11 pessoas inicialmente acusadas, quatro acabaram fora do julgamento. Duas delas foram retiradas do processo porque a Justiça entendeu que não estavam mais ligadas ao crime quando ele aconteceu. Uma terceira foi considerada inocente já no começo do caso, pois suas atitudes não ajudaram na realização do crime. Já a quarta não foi julgada porque, com a idade que tem, sua pena seria reduzida — e, com isso, o crime prescreveu.
Episódio poderia ter sido evitado, diz MPRJ
No documento final do processo, o MPRJ afirmou que a tragédia no Ninho do Urubu, considerada a maior da história do Flamengo, poderia ter sido evitada. Para os promotores, o incêndio que matou dez adolescentes não foi um simples acidente, mas o resultado direto da conduta dos envolvidos.

A promotora do caso destacou que os acusados sabiam que o local funcionava de forma irregular, sem autorização oficial e sem o certificado do Corpo de Bombeiros. Mesmo com várias multas e interdições, o centro de treinamento seguia em atividade. Além disso, havia problemas elétricos e falta de manutenção nos aparelhos de ar-condicionado, sendo que, segundo os peritos, o fogo começou dentro de um desses aparelhos.

O Ministério Público também apontou falhas graves nos contêineres usados como dormitórios. Eles tinham janelas com grades, portas de correr que travaram durante o incêndio e apenas uma saída, localizada longe do quarto onde todos os jovens morreram. Os contêineres também não tinham sistema de combate a incêndio e eram feitos com materiais altamente inflamáveis, o que fez com que o fogo se espalhasse rapidamente.

Diante de todas essas falhas e do descaso com a segurança dos adolescentes, o Ministério Público pediu a condenação dos acusados, afirmando que essa é a resposta justa que a sociedade espera.