Segundo o MPRJ, um dos PMs presos nesta quinta-feira (15) é lotado no 9º BPM (Rocha Miranda)Reprodução / Google Street View
MPRJ prende policiais militares acusados de formar novo 'Escritório do Crime'
Ao todo, foram nove mandados cumpridos nesta quinta-feira (15)
Rio - O Ministério Público do Rio (MPRJ) cumpriu nove mandados de prisão, nesta quinta-feira (15), contra acusados de formar o novo Escritório do Crime, quadrilha fortemente armada e envolvida em execuções.
Dos procurados, cinco já estavam presos. São eles: Thiago Soares Andrade Silva, conhecido como Batata ou Ganso; Bruno Marques da Silva, o Bruno Estilo, André Costa Bastos, vulgo Boto; Rodrigo de Oliveira Andrade de Souza, vulgo Rodriguinho; e Diony Lancaster Fernandes do Nascimento, vulgo Diony.
Há quatro ainda foragidos, sendo dois policiais militares. São eles: o PM Alessander Ribeiro Estrella Rosa, vulgo Tenente Alessander; o PM Diogo Briggs Climaco das Chagas, vulgo Briggs; Anderson de Oliveira Reis Viana, vulgo Papa ou 2P; e Vitor Francisco da Silva, vulgo Vitinho Fubá.
De acordo com o órgão, a organização criminosa atuava sob ordens de lideranças da contravenção penal. As investigações do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) revelaram que a quadrilha tinha um esquema de venda de armas e munições apreendidas em operações da Polícia Militar.
Os nove acusados foram denunciados à Justiça pelos crimes de organização criminosa armada, sequestro e comércio ilegal de armas de fogo e munições. Na lista constam um policial do 9º BPM (Rocha Miranda), um do 39º BPM (Belford Roxo) e um policial detido no Batalhão Especial Prisional (BEP). Um deles é capitão da PM.
Segundo o MPRJ, denúncias apontam o envolvimento da quadrilha com comércio ilegal de armas, sequestro e como responsável por, ao menos, dois homicídios com características parecidas, praticados à luz do dia e com uso de armamento pesado. As mortes estariam relacionadas a disputas entre grupos rivais.
Um dos crimes é o assassinato de Fábio Romualdo Mendes, de 45 anos, ocorrido em setembro de 2021, em Vargem Pequena, na Zona Oeste. A vítima foi surpreendida dentro do carro e atingida por vários disparos. Outra morte aconteceu após emboscada, no bairro de Realengo, que matou Neri Peres Júnior, em 4 de outubro de 2021.
O ex-PM Thiago Soares Andrade Silva é apontado como líder do novo Escritório do Crime. Ele foi preso na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, em agosto de 2023.
Os mandados cumpridos nesta quinta foram expedidos pelo Juízo da Auditoria da Justiça Militar e pela 3ª Vara Especializada em Organização Criminosa da Capital.
A Polícia Militar informou que a Corregedoria da corporação está apoiando as ações.
Antigo Escritório do Crime
O Escritório do Crime é um grupo conhecido por mais de 10 anos, com atuação principalmente na Zona Oeste. Investigações descobriram que milicianos que faziam parte da quadrilha chegavam a cobrar R$ 100 mil por cada execução que praticavam. Eles eram contratados para executarem desafetos de outras organizações criminosas.
Um dos seus líderes e fundadores foi o ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Adriano da Nóbrega, morto no dia 9 de fevereiro de 2020, na Bahia.
O grupo sempre agia fortemente armado e com bastante agressividade, cometendo os crimes usando carros e trajes que impediam a identificação deles, como balaclava e roupas camufladas. Os atiradores deixavam o veículo e iam em direção ao alvo para matá-lo sem chances de defesa.
Outros integrantes de destaque da organização eram os irmãos Leandro Gouvêa da Silva e Leonardo Gouvêa da Silva, conhecidos como Tonhão e Mad respectivamente, condenados a 26 anos de prisão pelo homicídio de Marcelo Diotti, ocorrido em março de 2018, no estacionamento de um restaurante na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca.
Investigações apontam que Mad era um dos chefes do grupo paramilitar, sendo responsável pela negociação, o planejamento, a operacionalização e a coordenação das tarefas do bando. Enquanto seu irmão era um de seus homens de confiança e atuava como motorista da quadrilha, fazendo o levantamento, a vigilância e o monitoramento das vítimas.





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