Marcelo Diotti da Mata foi assassinado em março de 2018, na Barra da TijucaDivulgação

Rio – Os irmãos Leandro Gouvêa da Silva e Leonardo Gouvêa da Silva, conhecidos como Tonhão e Mad, integrantes da organização criminosa "Escritório do Crime", foram condenados a 26 anos e oito meses de reclusão, em regime fechado, pelo homicídio de Marcelo Diotti, ocorrido em 14 de março de 2018, no estacionamento de um restaurante na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. A sentença foi definida pelo Juízo do IV Tribunal do Júri da Capital, na madrugada desta quarta-feira (29).
Os dois foram denunciados pelo Ministério Público, em maio de 2020, por homicídio qualificado. De acordo com o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Marcelo Diotti era desafeto de Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), morto no dia 9 de fevereiro de 2020, na Bahia, apontado como um dos fundadores da quadrilha.
Na ocasião, Mad e Tonhão monitoraram a rotina da vítima e de sua companheira, até o momento da execução. Na época, Diotti era companheiro da ex-mullher de Cristiano Girão Matias, ex-vereador do Rio, acusado de liderar a milícia da Gardênia Azul, na Zona Oeste.
Na audiência, o Conselho de Jurados acolheu integralmente os pedidos do MPRJ ao entender que o crime foi praticado por dois motivos torpes como em decorrência de vingança de Adriano em relação à vítima, e pela demonstração de força e poder de grupo rival a Marcelo Diotti, ligada à contravenção. Além disso, também foi demonstrado que o crime foi cometido mediante pagamento ou promessa de recompensa, e que ocorreu por meio de emboscada.
A sustentação oral em plenário foi feita pelos promotores de Justiça Audrey Castro, titular da 2ª Promotoria de Justiça Junto ao IV Tribunal do Júri da Capital, e Bruno Bezerra, membro do Gaeco.
Ao todo, a dupla é suspeita de participar de dez homicídios, sendo que as investigações comprovaram o envolvimento dos irmãos nos assassinatos do contraventor Alcebíades Paes Garcia, o Bid, em fevereiro de 2020; do policial militar reformado Anderson Cláudio da Silva, o Andinho, em 2018; e de Marcelo Diotti da Mata, também em 2018. Ambos foram presos durante a Operação Tânatos, da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), em 30 de junho de 2020.
Investigações apontam que Mad era um dos chefes do grupo paramilitar, sendo responsável pela negociação, o planejamento, a operacionalização e a coordenação das tarefas do bando. Enquanto seu irmão era um de seus homens de confiança e atuava como motorista da quadrilha, fazendo o levantamento, a vigilância e o monitoramento das vítimas.
Escritório do crime
As investigações da operação que prendeu a dupla em 2020 apontaram que o Escritório do Crime, que sempre agia fortemente armado e com bastante agressividade, cometia os crimes usando carros e trajes que impediam a identificação deles, como balaclava e roupas camufladas. Os atiradores desembarcavam do veículo e iam em direção ao alvo para matá-lo sem chances de defesa.
O Escritório do Crime é conhecido por mais de 10 anos, principalmente na Zona Oeste. Os milicianos que faziam parte da quadrilha chegavam a cobrar R$ 100 mil por cada execução que praticavam. Eles eram contratados para executarem desafetos de outras organizações criminosas.
O grupo chegou a ser investigado pelas mortes da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes. Os irmãos Mad e Tonhão chegaram a ser ouvidos no inquérito que investigava as mortes, no entanto, a Polícia Civil logo descartou a participação deles no caso.