Celsinho da Vila Vintém foi preso em maio deste anoReprodução/BDRJ

Rio - O Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) negou um pedido de liberdade em favor de Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, apontado como uma das principais lideranças do crime organizado do Rio e fundador da facção Amigos dos Amigos (ADA). Ele esta preso desde o dia 8 de maio.
A decisão foi divulgada pelo TJRJ neste sábado (12). A defesa de Celsinho pediu a revogação da prisão preventiva ou uma conversão em prisão domiciliar, alegando que o réu possui uma diverticulite aguda e o fato de ser cuidador da esposa em tratamento paliativo de doença metastática.
Para a desembargadora Adriana Ramos de Mello, não há flagrante ilegalidade nem omissão na decisão que mantém o acusado preso. Em sua justificativa, a magistrada destacou elementos graves que não permitem sua soltura, como o tráfico reiterado e liderança de organização criminosa armada; risco à ordem pública e à instrução; e possibilidade de coagir testemunhas, aliciar comparsas ou fugir.
“Sem qualquer adiantamento do mérito da demanda, não se vislumbra de plano a presença dos requisitos necessários à concessão da medida liminar; indefiro a liminar pleiteada”, concluiu Mello.
Celsinho virou réu pelos crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico, e teve prisão preventiva decretada em junho. No mesmo processo, também foram denunciados o miliciano André Costa Barros, o Boto, que também está preso, e um dos chefes do Comando Vermelho, Edgar Alves de Andrade, o Doca ou Urso, que está foragido.
O acusado foi preso em Padre Miguel, na Zona Oeste, durante uma operação da Polícia Civil no dia 8 de maio. Segundo as investigações, ele estava se aliando a outras lideranças de grupos rivais para promover disputas territoriais e retomar comunidades de Santa Cruz, na Zona Oeste, que estão atualmente sob influência da milícia.
Histórico no crime

Celsinho da Vila Vintém é considerado um dos traficantes mais perigosos da década de 90. Preso há 20 anos, ele deixou o presídio em 2022. Além de tráfico de drogas, ele responde por diversos delitos, como roubo a bancos e homicídios.

Criador da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), Celsinho tem um histórico de fugas em presídios. Preso pela primeira vez em 1994, ele fugiu da penitenciária Milton Dias Moreira, no Complexo de Gericinó, mas foi recapturado dois anos depois, por policiais militares, na comunidade que ele comandava.

Em 1998, o traficante conseguiu fugir novamente do sistema penitenciário após ser transferido para retirar uma bala alojada no braço direito no Hospital Penitenciário Fábio Maciel, na rua Frei Caneca, no Catumbi, Região Central do Rio. Ele não realizou a intervenção, e teria saído pela porta da frente da unidade, vestido com uma farda da PM.

Considerado um bandido sanguinário, Celsinho chegou a negociar a própria vida com Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, chefão do Comando Vermelho, durante rebelião no Complexo de Bangu em setembro de 2002. Na época, traficantes ligados ao chefe da facção Comando Vermelho teriam executado quatro chefes de grupos rivais. Ele teria conseguido se manter vivo alegando que passaria o controle de venda de drogas da Vila Vintém para a facção rival.

Em 2014, ele foi transferido para uma unidade federal após ser apontado como o idealizador — mesmo preso — de uma tentativa de resgate de internos no Fórum de Bangu, em 2013. Na ocasião, uma criança de 8 anos e um policial foram mortos.
Ele foi solto em 2022 após uma decisão da Justiça, que o concedeu o direito dele responder em liberdade pela invasão à Rocinha, no ano de 2017. Condenado a mais de 30 anos, o traficante chegou a obter a progressão do regime fechado para o semiaberto em janeiro de 2021, mas não tinha deixado a prisão devido ao histórico de fugas.