Policial militar Gabriel Guimarães Sá Izaú, de 41 anosArquivo/Agência O Dia

Rio - A Polícia Civil investiga o assassinato do barbeiro Robson Freire da Silva, de 21 anos, na comunidade da Vila do João, no Complexo da Maré, Zona Norte, e do policial militar Gabriel Guimarães Sá Izaú, de 41 anos, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Apesar de os corpos terem sido encontrados em municípios diferentes, a polícia investiga agora se as ocorrências podem estar relacionadas.
Segundo familiares de Robson, ele trabalhava no domingo (20), por volta das 13h, na Vila do João, quando um carro se aproximou dele e de outros homens e fez disparos. O jovem foi atingido por um tiro e morreu.

"O que relataram é que um carro preto entrou pela principal do Parque União. Um homem colocou uma pistola para fora e atirou em direção ao ponto do mototáxi, onde também estavam pessoas envolvidas com o tráfico. Ele (Robson) foi baleado com um único disparo (...) A última mensagem dele para a mãe foi às 13h23. Às 13h30, a namorada ligou para dar a notícia", disse um familiar ao DIA.

De acordo com a direção da UPA da Maré, Robson já chegou à unidade sem vida. Ainda segundo parentes, traficantes que estavam no local teriam perseguido o carro e executado o autor dos disparos, que seria o policial Gabriel Sá Izaú. A Polícia Civil, no entanto, ainda não confirmou esta versão e o caso segue em investigação.

Imagens de câmeras de segurança mostram um carro modelo Ford Ecosport branco sendo abandonado na Rua Silva Fernandes, no Centro de Caxias, por volta das 16h do mesmo domingo (20). O corpo do agente estava dentro deste veículo, no banco de trás.

Gabriel Sá Izaú foi investigado em 2020 por racismo, agressão e abuso de autoridade contra o entregador Matheus Fernandes, no shopping Ilha Plaza, na Ilha do Governador. Segundo a denúncia da época, ele e o policial Diego Alves da Silva imobilizaram o rapaz no chão de uma loja. Matheus disse que havia ido ao local trocar um relógio que havia comprado para o Dia dos Pais.
O policial estava há 20 anos na corporação e recentemente havia sido realocado para o Batalhão de Choque. Ele deixa mulher e um filho.
Delegacias diferentes investigam os casos

O corpo de Robson foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, na Região Central do Rio, onde a família aguarda liberação. Ele deixa um filho de apenas um ano. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) conduz a investigação do caso.

Já o corpo do policial foi encaminhado ao IML de Caxias e passou por perícia. A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) é responsável pela investigação da morte do agente.

Família afirma que barbeiro não tinha envolvimento com o crime

Segundo familiares, Robson chegou a ter uma barbearia, mas precisou fechá-la por dificuldades para manter o aluguel. Ele continuou atendendo os clientes em casa e também passou a trabalhar como mototaxista.

"Ele não era envolvido com nada de errado. Era conhecido por toda a comunidade porque sempre trabalhou com o pai, desde criança, consertando bicicletas", contou um parente.
Ainda não há informações sobre os sepultamentos de Robson e Gabriel.
*Reportagem com a colaboração da estagiária Ana Livia Mendes