Policiais da 16ª DP (Barra) realizaram a prisão dos criminososDivulgação

Rio - Dois homens foram presos em flagrante, nesta quarta-feira (13), no momento em que tentavam aplicar o 'golpe do falso exame', em um condomínio de luxo na orla da Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
Os criminosos, ambos com 23 anos, foram localizados e detidos por agentes da 16ª DP (Barra) após uma vítima, ao suspeitar que estava prestes a cair no esquema, informar o caso à polícia.
Segundo ela, os homens se passaram por funcionários de um plano de saúde e comunicaram que os exames médicos de um parente idoso estavam prontos e que eles podiam realizar a entrega na residência.

A partir desse relato, os agentes se dirigiram ao local e abordaram Vitor de Souza no momento em que ele se identificava na portaria de um condomínio para entregar o suposto resultado médico. Com ele, os policiais encontraram diversas máquinas de cartão usadas no crime e envelopes lacrados contendo exames.
Ao mesmo tempo, uma outra equipe que estava patrulhando a orla notou a movimentação suspeita de Clayton de Jesus Passos. Ele conduzia uma moto e os agentes perceberam que o homem dava cobertura e apoio ao comparsa.
Quando notou a abordagem a Vitor de Souza, Clayton abandonou o veículo em que estava e tentou fugir a pé. No entanto, foi logo alcançado e imobilizado pelos policiais.

De acordo com a Civil, os dois golpistas são naturais do estado de São Paulo e afirmaram estar há poucos dias no Rio, especificamente na comunidade do São Carlos, no Estácio, na Região Central.

Ambos vão ser indiciados pelo crime de tentativa de estelionato e associação criminosa.

Como funciona o golpe?

Segundo a polícia, os golpistas, após terem acesso às informações pessoais das vítimas, inclusive ao fato de que elas haviam realizado recentemente algum tipo de exame médico, fazem contato informando que os laudos apontaram alguma alteração e que precisam ser apresentados imediatamente ao médico responsável.

Dessa forma, os criminosos enganavam seus alvos, muitas vezes idosos, e alegavam que os exames poderiam ser entregues na residência da pessoa, por meio de um serviço de motoboy, mediante o pagamento de uma pequena taxa.

No momento da entrega, o bandido informava que a transação só poderia ser feita por cartão de débito. Ele então mentia para a vítima, afirmando que a transação não havia sido aprovada e, nesse momento, realizava diversas movimentações fraudulentas utilizando o cartão dela.
Mesmo modus operandi
Em fevereiro de 2025, a 15ª DP (Gávea) prendeu Daniel Vinicius Reis de Souza e Adriano Santos Pereira por integrarem uma quadrilha especializada no golpe do falso exame médico. Ambos foram detidos por estelionato em um hotel na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. 
A investigação começou quando quatro pacientes foram à delegacia relatar o mesmo tipo de fraude. Eles informaram que, alguns dias após a realização de exames em um hospital, receberam contato de uma central de atendimento informando que os laudos estavam disponíveis, oferecendo o serviço de entrega. A quadrilha gerou um prejuízo de R$ 1,5 milhão às vítimas nos últimos dois meses.
Em 8 de julho de 2025, como desdobramento da prisão dos dois membros da quadrilha em fevereiro, a mesma unidade realizou uma operação que estourou um apartamento na comunidade do Vidigal, na Zona Sul, usado para aplicar o golpe.
De acordo com a corporação, os quatro presos durante essas duas ações também eram de São Paulo.
Ao DIA, a delegada Daniela Terra, da 15ª DP,  disse que os criminosos retornam sempre com o mesmo modus operandi e, agora, optam por se esconder nas comunidades.

"De primeira, eles ficavam em hotéis mas como perceberam que era muito fácil para a polícia encontrar, começaram a se esconder nas comunidades porque hoje as facções, em especial o Comando Vermelho (CV), permitem que os golpistas fiquem escondidos e dividam o lucro do crime com a própria facção. Elas também ganham muito dinheiro assim", pontuou.

Daniela afirmou que ainda não há confirmação de que os suspeitos presos nesta quarta-feira (13) e os outros quatro detidos nas ações anteriores, pertençam à mesma quadrilha. No entanto, alegou que todos os fatos apontam para isso.
"Tudo leva a crer que sim, devido ao mesmo modus operandi. Apesar da grande apreensão que realizamos no início do mês, com 40 máquinas e duas motos, eles estavam em uma comunidade, então acredito que alguns tenham fugido para a comunidade de São Carlos. Esses criminosos vêm ciclicamente para o Rio, são presos, às vezes soltos, e acabam voltando. São de São Paulo, mas atravessam as divisas e atuam em outros estados também", relatou.
Como conseguem os dados pessoais?

A delegada também contou que os golpistas obtêm os dados através da internet. "Nós sabemos que esses dados são vendidos pela deep web. Nossa investigação está correndo para saber se isso é uma falha nos bancos de dados dos laboratórios e hospitais, porque não é só um hospital ou clínica, são vários e todos da rede particular".

Daniela ainda declarou que a quarta fase da operação investigará também quem são os beneficiários das máquinas apreendidas para descobrir o destino do dinheiro proveniente dos golpes.