Victor Santos diz que Daniel Soranz mentiu sobre impacto da violência na SaúdeReginaldo Pimenta e Érica Martin/Agência O Dia

Rio - O secretário de Estado de Segurança Pública afirmou que o secretário municipal de Saúde do Rio mentiu ao falar sobre o impacto da violência na saúde do município. Nesta quinta-feira (18), Daniel Soranz divulgou que, somente neste ano, unidades da rede precisaram ser fechadas mais de 500 vezes por questões de segurança. A informação, no entanto, foi negada por Victor Santos. 
A declaração de Soranz ocorreu após a invasão de criminosos armados ao Hospital Municipal Pedro II, em Santa Cruz, na Zona Oeste. O caso aconteceu nesta madrugada, quando os bandidos estavam em busca de Lucas Fernandes de Souza, 31. Segundo investigações, eles tentavam matar a vítima, que havia sobrevivido a um atentado. Ao comentar o episódio e a violência na região, o secretário de Saúde disse que "só esse ano, 516 vezes, uma unidade de saúde precisou ser fechada por um conflito armado ou por uma questão de segurança". 
Em entrevista coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, Região Central, também para comentar a invasão da quadrilha ao hospital, ao lado dos secretários de Polícia Militar, Marcelo de Menezes, e de Polícia Civil, Felipe Curi, Victor Santos disse que a informação divulgada por Soranz "não condiz com a verdade" e que o secretário de Saúde é mentiroso e irresponsável, já que não há nem 20% de ocorrências registradas. 
"O secretário Soranz está mentindo. Ele é mentiroso! Isso não condiz com a verdade. Não existe esse número de ocorrências. Se a gente for apurar, não tem cerca nem de 20% de ocorrências registradas. O secretário tem meu telefone, tenho certeza que tem o telefone de todos os secretários, e ele não fez nenhuma ligação para pedir esse tipo de apoio. Consideramos isso uma irresponsabilidade, porque esse tipo de declaração é que gera insegurança e medo na população. A Segurança Pública está aqui para atender, existe um policial militar em cada unidade hospitalar do estado, do município, exatamente para isso", apontou. 
No fim da manhã desta quinta, Soranz participava da reabertura de dois setores do Hospital do Andaraí, na Zona Norte, e rebateu as críticas de Santos. "O secretário de segurança parece que não está vivendo no Rio de Janeiro. Se ele acha que é normal para a política de segurança que ele defende invadirem uma unidade de saúde como invadiram, com 300 pacientes internados, e não ter um mínimo de inteligência na polícia para investigar o que está acontecendo, ele não está vivendo na nossa cidade. Se ele não está vendo todo dia uma unidade de saúde sendo fechada por motivo de violência, ele não está vivendo na nossa cidade". 
O secretário disse ainda que a atual política de segurança "envergonha qualquer cidadão do estado do Rio de Janeiro". Ele ressaltou que os profissionais de saúde não conseguem trabalhar com tranquilidade em meio a situações de violência. Soranz apontou ainda que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) "tem a notificação exata de cada dia e hora que as unidades reportam fechamento" e reforçou que foram 516, sendo mais de uma por dia em 2025.
"O secretário devia ter inteligência para entender o que acontece na nossa cidade e não passar vergonha como passa todo dia com incursões que não levam a lugar nenhum (...) Agora falta inteligência para fazer o seu trabalho, identificar quem é esse paciente, o motivo dessa invasão, quem são as pessoas que invadiram, inclusive utilizando uniforme da polícia", completou. 
Cremerj cobra explicações da SMS sobre invasão
O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) informou que oficiou a SMS sobre a invasão ao Hospital Pedro II, pedindo esclarecimentos sobre as providências adotadas pela pasta. O documento exige a aplicação de medidas de seguranças previstas em uma resolução da entidade, que determina que os estabelecimentos de saúde tenham protocolos de resposta imediata em situações de violência, além de mecanismos de proteção como controle de acesso e videomonitoramento.
"O Cremerj considera inaceitável que médicos, outros trabalhadores da saúde e a população usuária do sistema sejam expostos a riscos constantes em unidades que deveriam ser locais de acolhimento e cuidado. O Conselho reforça que continuará atuando de forma firme para que normas de segurança sejam efetivamente cumpridas e que os profissionais possam exercer suas atividades com proteção e dignidade", afirmou o Conselho. 
*Colaborou Érica Martin