PMs atuam contra disputas territoriais de facções rivais e roubos de cargas e veículosDivulgação/Polícia Militar

Rio - O Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio, é alvo de operação pelo segundo dia consecutivo, nesta sexta-feira (3). Policiais militares atuam na comunidade contra as disputas territoriais de facções rivais e roubos de cargas e veículos. A ação acontece três dias depois de uma invasão de bandidos armados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Costa Barros, na mesma região, que permanece fechada. 
De acordo com a Polícia Militar, equipes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) atuam no Chapadão desde as primeiras horas da manhã, para prender envolvidos nas disputas territoriais e responsáveis por roubos de cargas e carros. Durante buscas na Rua Silva Costa, os PMs localizaram um homem em uma motocicleta sem identificação e, na abordagem, ele foi preso com drogas e conduzido para a 39ª DP (Pavuna). 
Já na Rua Sargento Rego, os policiais encontraram criminosos vendendo drogas. Com a aproximação dos militares, eles fugiram abandonando uma moto e uma mochila com entorpecentes. As equipes ainda conseguiram recuperar um veículo roubado. Há meses, a comunidade, que é controlada pelo Comando Vermelho (CV), sofre com uma rotina de violência, por conta de guerra contra traficantes do Complexo da Pedreira, dominda pelo Terceiro Comando Puro (TCP). 
Na última terça-feira (30), criminosos armados invadiram a UPA de Costa Barros e agrediram dois pacientes que estavam nas salas de Medicação e Vermelha. As vítimas chegaram a ser levadas do local, mas foram liberadas na sequência. Eles ainda ameaçaram os profissionais e levaram pânico aos 11 pacientes internados. Os bandidos estariam em busca de homens baleados em um confronto de facções. Desde então, a unidade segue fechada.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), devido à instabilidade e intensos tiroteios na porta da UPA, "não há segurança para o atendimento de pacientes". O policiamento chegou a ser reforçado nos últimos dias, mas a pasta informou que "aguarda a ocupação da região pelas forças policiais, de forma permanente" e pediu a prisão dos bandidos envolvidos na invasão. "Muitos profissionais de saúde, devido ao pânico, já solicitaram transferência, suporte psiquiátrico e psicológico", completou. 
Nesta sexta-feira, um grupo esteve em frente à unidade para protestar. Elaine Oliveira, presidente da Associação de Moradores da Quitanda, destacou que a população precisa ter acesso à UPA de Costa Barros, uma vez que muitas pessoas têm dificuldade de deslocamento para outros hospitais. 
"Hoje, presenciei um idoso com dificuldade de andar e segurando na grade do posto de saúde, mas o posto de saúde fechado. Nós estamos sofrendo com isso tudo, pagando por uma culpa que não é nossa. A população necessita dessa unidade aberta. Estamos tendo que ir para a UPA de Rocha Miranda, UPA de Ricardo, UPA de Madureira… É longe! Trabalhei na UPA de Costa Barros durante 13 anos e nunca vi fechada. Já vi muitas vidas serem salvas nessa unidade. A UPA tem que voltar a funcionar, temos direito a saúde! Como fica a população que depende disso aqui? Precisamos de resposta. A gente não tem nada a ver com guerra. Estamos do lado da população, que está pedindo ajuda", lamentou.
Uma moradora que passava em frente à UPA se queixou ao DIA sobre o fechamento. "Isso é uma falta de respeito essa UPA estar fechada. A gente precisa de atendimento", reclamou Cleide Glória. A ação desta sexta interrompeu por completo o funcionamento de uma unidade de Atenção Primária na região do Chapadão e outras duas suspenderam as atividades externas, como visitas domiciliares. A Secretaria Municipal de Educação (SME) informou que em Anchieta, duas unidades escolares foram impactadas.