Rio - O número de clientes que pagaram e não receberam os serviços de uma loja de móveis planejados na Zona Norte, já chega a 20. Até agosto, eram 12 consumidores lesados. A reportagem de O DIA descobriu que nem mesmo os clientes que acionaram a Justiça do Rio e ganharam o processo foram ressarcidos ainda. A loja, localizada na Avenida Vicente de Carvalho, segue com todos os canais de comunicação desativados e não responde às mensagens. A Polícia Civil segue investigando o caso.
Em agosto deste ano, O DIA publicou uma reportagem com relatos de consumidores que contrataram os serviços da Planejartty Convictta, mas não receberam os móveis planejados nem o valor de volta. Henrique Barbosa Bastos, de 36 anos, foi uma das vítimas que entrou com uma ação judicial contra o estabelecimento. Ele diz que pagou R$ 64 mil à vista, em outubro de 2024, e, um ano depois, ainda não obteve qualquer retorno sobre o prazo de entrega.
"Nunca recebi nada. Ouvi as mesmas desculpas dadas a outras vítimas, como atrasos por causa das chuvas no Rio Grande do Sul, que os móveis já estavam sendo cortados ou que empresas parceiras finalizariam meu projeto", disse.
Outro cliente, que preferiu não se identificar, afirmou que também entrou com um processo na Justiça, mas o oficial não conseguiu localizar os responsáveis para entregar a intimação.
Rachel Rigon, outra consumidora lesada, contou que desistiu dos móveis e agora busca reaver o dinheiro investido. Ela contratou os serviços há um ano e teve um prejuízo de R$ 51,2 mil. Inconformada com o descaso, deu entrada em um processo contra a empresa.
Recentemente, foi proferida sentença da VI Juizado Especial Cível do Tribunal de Justiça do Rio condenando a Planejartty e a Rennarty, esta última, também de propriedade dos mesmos donos da loja envolvida nas denúncias. As empresas foram obrigadas a entregar os móveis, pagar multa por descumprimento de liminar e indenização por danos morais.
"Eu também fui prejudicada pela loja Planejartty Convictta. Entrei com uma ação, ganhei a causa, mas nada acontece. Já desisti dos móveis, só quero meu dinheiro de volta", disse. Segundo o advogado da cliente, mesmo após a sentença determinando a entrega dos móveis, a decisão não foi cumprida, e a obrigação foi convertida em pagamento de indenização pelo prejuízo.
A loja de móveis planejados, acusada por clientes de aplicar um golpe, encerrou as atividades em julho deste ano.
Empresa suspendeu os serviços
Seis meses antes de suspender as operações, o perfil oficial da Planejartty Convictta Planejados Móveis e Decorações nas redes sociais informou ter sido hackeado e alegou que, por esse motivo, não poderia responder aos clientes. A partir daí, o atendimento passou a ser realizado apenas por um aplicativo de mensagens ou presencialmente na loja física.
No entanto, desde 29 de julho, a empresa deixou de responder aos consumidores, e a unidade localizada na Avenida Vicente de Carvalho, nº 525, fechou as portas repentinamente. Em mensagens trocadas com algumas vítimas do possível golpe, a loja informou, no dia 21 de julho, que iria paralisar as atividades, mas que, "para honrar compromissos", selecionaria três empresas parceiras para concluir a produção e montagem dos móveis pendentes.
Algumas dessas denúncias foram registradas na 27ª DP (Vicente de Carvalho), que passou a investigar o caso. Em nota, enviada nesta quinta-feira (9), a distrital informou que as investigações ainda estão em andamento.
A reportagem de O DIA tenta contato com os proprietários do estabelecimento, mas sem sucesso. O espaço está aberto para eventuais manifestações.
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