Marcos Espínola 2025Divulgação

A megaoperação no Rio gerou opiniões distintas. Para uns foi positivo, para outros uma ação desastrosa. Entretanto, tecnicamente falando, o que vimos foi uma iniciativa corajosa da cúpula da segurança pública do Rio de Janeiro, com destaque para a bravura dos mais de 2.500 homens que enfrentaram horas de confronto. Tudo isso sem que nenhum civil morresse, fato que, por si só, já demonstra ter sido bem planejada. Todos os policiais ali estavam amparados pelo estrito cumprimento do dever legal, sob ordem superior hierárquica e em legítima defesa de suas vidas e de terceiros.

A perda de uma vida é sempre ruim, porém, os indivíduos que foram para a mata fortemente armados e camuflados assumiram o risco de enfrentar a força do Estado democrático. Estavam ali para tirar a vida dos policiais e, como em qualquer guerra, as baixas são inevitáveis. Infelizmente, do lado da polícia também teve baixa, como acontece diariamente com os cidadãos, incluindo crianças, vítimas de balas perdidas ou de ação direta desses criminosos.

Segundo a polícia, no Complexo do Alemão e da Penha, onde tem mais de 110 mil habitantes, tem muitos criminosos oriundos de outros estados e comunidades. Criminosos fortemente armados que fazem a comunidade de refém e que receberam a polícia com alto poderio bélico, em mais de 18 horas de confronto. Tudo isso encarado heroicamente pelos policiais que ali estavam para proteger a sociedade e buscar a retomada da ordem e da paz. Isso não pode ser esquecido em nenhum momento. Ali estavam cumprindo seu juramento de servir e proteger, mesmo com o risco da própria vida e enfrentando bandidos da segunda maior facção criminosa do país.

O próximo passo é seguir com planejamento e inteligência para retomar esses territórios, mantendo a política longe das decisões. Tecnicamente podemos caminhar para retirar a progressão de pena para esses criminosos. Manter um isolamento total e penas mais altas, tirando-os do convívio social. Classificar essas facções como organizações terroristas é um equívoco. É trazer esse conceito de terror ideológico para o Brasil.

Afinal, o que temos aqui são narcotraficantes que visam o lucro financeiro, diferente dos ataques a governos com cunho ideológico ou religioso. Insistir nessa insensatez por viés político é cometer erro similar à década de 80 quando misturaram na Ilha Grande criminosos comuns com presos políticos, surgindo a Falange Vermelha, hoje, Comando Vermelho. Deu no que deu.
* Marcos Espínola é advogado criminalista e especialista em segurança pública