Mulher trans reclama de descaso em São Gonçalo: ela foi liberada sem poder ir pra casaDivulgação/Ascom

São Gonçalo --"Há uma caixa preta no sistema de regulação de São Gonçalo", diz Luana Rayalla Santos Vieira, de 28 anos, moradora do Sacramento, que acusa o Pronto Socorro Central de realizar uma minicirurgia de cistostomia na sala de sutura da unidade e abandoná-la do lado de fora na noite de sábado (23) sem condições de ir para casa.
Luana, que sofre de cardiopatia dilatada, usa prótese nas pernas e convive 24 horas com andador, contou o drama. "No começo do mês estive no urologista e o profissional disse que estou com suspeita de lesão na uretra. A confirmação só seria possível, segundo o médico, com a realização de exame. Estou aguardando ser chamada, no entanto, o organismo não espera o ritmo do Sistema Único de Saúde (SUS). Acabei indo parar na emergência do Pronto Socorro Central na noite de sábado e saí na manhã de domingo. E o que aconteceu comigo naquele lugar foi desumano", revoltou-se.
Ela continua a contar o seu drama. "Foi realizada em mim uma minioperação de cistostomia (cirúrgica que retira parte ou toda a bexiga urinária) na sala de sutura, pois o correto seria esse procedimento ser realizado na sala de cirurgia. Além disso, muito fragilizada, com muita tremedeira no corpo, fui liberada pelo médico e colocada na sala de espera e como estavam limpando o setor não pude ficar ali. Muito debilitada fui para a recepção e me informaram que não poderia ficar lá também. Resumindo: acabei sendo destratada e recém-operada fui obrigada a passar a noite na porta da emergência. Às 6 horas da manhã do dia seguinte, chamei Uber e fui, enfim, para casa".
Alvo de reclamações da população de São Gonçalo, Luana diz que falta bom atendimento no Pronto Socorro Central e transparência no sistema de regulação de São Gonçalo. "Não tem transparência alguma. Você não sabe o que acontece. Um exemplo do que estou falando é que me ligaram para marcar o ecocardiograma e me informaram que um dos exames que estou esperando não consta no sistema. Como pode, isso? Tenho aqui o comprovante. E assim, as coisas na área da Saúde da cidade são sigilosas, pois tenho um vizinho que aguarda um ano a realização de exame com um proctologista, enquanto consegui o mesmo exame após matéria realizada por um site local. Estaria esperando até agora. Não é para ser assim", queixou-se e enviou a imagem de um documento assinado por Maraiza da Silva Coutinho Mesquita, subsecretária de Regulação, Controle, Avaliação e Auditoria.
"Há um tempo atrás, desesperada, solicitei informações sobre minha posição na fila para os exames. Para minha surpresa, verifiquei meu e-mail e chegou esse documento. Porém, não entendi o porquê entrei na fila de consulta para um urologista cirúrgico se no pedido tá exame", finalizou a paciente.