Família de São Pedro da Aldeia denuncia falta de vaga para criança autista em escolas da rede municipalLudmila Lopes (RC24h)
Família de São Pedro da Aldeia denuncia falta de vaga para criança autista em escolas da rede municipal
Menina, de sete anos, está no 1º ano e deveria ter iniciado o ano letivo nesta segunda-feira (6); irmão dela também não conseguiu ser matriculado
Helena Fonseca Fernandes Loureiro Silva, moradora de São Pedro da Aldeia, município da Região dos Lagos, está mais do que ansiosa para voltar às aulas. A pequena, que tem apenas sete anos, faz parte do grupo do espectro autista, já está no 1º ano e deveria iniciar o ano letivo nesta segunda-feira (6), entretanto, não é o que vai acontecer. Ela não conseguiu uma vaga na rede municipal da cidade.
Inicialmente, a mãe e irmã mais velha da menor, Silvana Fernandes e Ana Flávia Fernandes, tentaram matriculá-la na Escola Municipal Manoel Fernandes, mas não conseguiram. A justificativa, conforme afirmam, foi que, para Helena, são necessárias duas vagas, já que a menina precisa de um mediador.
“(A direção) falou que não teria mais vaga pra criança especial, pois para ter uma criança especial, teria que diminuir duas crianças da escola”, explicou Ana Flávia.
Além de Helena, a família também tentou matricular Lucca, o caçula da família, de 4 anos, na unidade, mas não conseguiu. Desta vez, não teve justificativa.
VAGA A UMA HORA DE DISTÂNCIA
A prefeitura de São Pedro da Aldeia disponibilizou vaga para que Helena estudasse em uma unidade escolar no bairro Cruz, que fica a uma hora de distância de onde residem.
Segundo Ana Flávia, a opção é inviável, já que a menina, por fazer parte do grupo espectro autista, não consegue ficar dentro do carro por tanto tempo.
“Impossível uma criança autista ficar uma hora para ir e uma hora para voltar da escola”, disse a irmã mais velha.
Para o caçula, de acordo com a família, não há vaga disponível em qualquer unidade.
DESABAFO NAS REDES SOCIAIS
De acordo com Ana Flávia, em 2022, Lucca e Helena estudavam em uma escola particular, entretanto, as condições financeiras da família ficaram ‘apertadas’ e, por isso, optaram por matricular os irmãos em uma unidade da rede municipal.
Foi então que a família tentou contatar o Conselho Tutelar aldeense, mas a resposta não foi a esperada. Ana Flávia afirmou que eles disseram que “não são soberanos à prefeitura”.
Diante da situação, a família publicou um desabafo nas redes sociais:
“Quem me segue nas redes sociais sabe que temos em casa uma pequena princesa chamada Helena. Helena foi incluída no Espectro Autista, após iniciarmos uma busca das possíveis causas para o atraso na fala que ela apresentava. Desde o diagnóstico, nós estamos em uma constante luta, para conseguir atendimento, para fazer valer seus direitos para que ela se desenvolva. Em nossa região, atendimento médico especializado é raro, custoso. Ter um plano de saúde não é garantia de atendimento. Como se esses percalços não fossem suficientes para muitas vezes nos esmorecer como tantos outros pais de nosso País, que se encontram na mesma situação, essa semana fomos surpreendidos com a notícia de que a inscrição realizada para que a Helena venha a estudar em uma escola da rede municipal de ensino não foi possível, e seria muito difícil ser possível, pois para ela são necessárias duas vagas, uma para ela e outra para o(a) mediador(a) a qual ela tem o direito. Pior que isso, nem mesmo nosso caçula o Lucca conseguiu a vaga. Enquanto pai, o sentimento que tenho é de acuação, pois quando temos uma informação do Conselho Tutelar, da Diretoria da Escola que a resposta é essa, nos enche de receios. Se a Helena conseguir uma vaga, será que ela será bem atendida, conforme deve ser? Não sou adepto de realizar postagens expondo detalhes de nossa vida privada e familiar, mas analisando o comportamento hoje de redes sociais e as notícias veiculadas na mídia, venho em mais uma tentativa de chamar atenção para a situação de nossa região, e o impasse específico relacionado a nossa família. Desejo Paz a todos, e peço que quem puder compartilhar, estará ajudando não somente a nossa família, mas muitas outras”.
CONTATO COM A PREFEITURA DE SÃO PEDRO
Diante da situação, O Dia entrou em contato com a Prefeitura de São Pedro da Aldeia, questionando o que será feito, e aguarda retorno.
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