O samba carioca deve muito ao Irajá - lugar de onde vieram Nei Lopes, Dorina e Zeca Pagodinho, para ficar só em três nomes. "E tem também meu pai, Beto Gago, além de vários outros grandes cantores e compositores que não ficaram famosos", conta Juninho Thybau, cria do Irajá e sobrinho de Zeca Pagodinho. Ele tem feito um evento mensal na porta de sua casa no bairro - na Rua Marinho Pessoa 20 - em que toca sambas autorais e convida sambistas amigos. O 'Na Porta de Casa' volta hoje, das 17h às 23h30, e traz os grupos Galocantô e Arruda, além de Gabrielzinho do Irajá, Renato da Rocinha e Rodrigo Carvalho. Entrada sempre franca. A edição anterior, de novembro, levou para lá Diogo Nogueira e Xande de Pilares. Lotou bastante. Dessa vez, emoção garantida na homenagem a Gamarra, do Galocantô, morto há um mês. A mesa da roda tem músicos como Isaias Costa (violão e direção musical), Daniel Oliveira (cavaco), Alex Primitude (banjo), Igor (pandeiro) e Rodrigo Couto (tantã). E a reunião, vale dizer, não acontece na entrada de uma casa qualquer. Thybau mora na casa em que seu tio Zeca Pagodinho nasceu. O nome do sambista de 31 anos é uma homenagem ao seu avô, Thybau José Fernandes, que fazia várias reuniões musicais, nas quais o sambista que havia no menino Zeca despertou. Beto Gago, pai de Juninho, é parceiro de Zeca em músicas como 'Faixa Amarela'. Juninho, por sinal, não se chama Thybau, e sim Roberto José Fernandes Junior."Eu quase me chamei Thybau, mas nasci pouco depois da morte dele e o clima em casa era de muita tristeza", recorda, procurando fazer jus ao nome artístico. "Procuro seguir a risca tudo o que foi passado para o meu pai e para meus tios. Thybau sempre dizia que era para a gente respeitar para poder ser respeitado, e que a humildade cabe em qualquer lugar. Também dizia que o que se leva da vida é o que se come, o que se bebe e o que se brinca".No show, Thybau também apresenta as músicas de seu EP, 'Nosso Jeito', e apresenta músicas inéditas.VIZINHANÇANão é muito invasivo fazer um evento na porta de casa? Não quando você conhece toda a vizinhança e sua casa sempre foi um lar musical, com várias reuniões ao som de samba. "Todo mundo vem de bom coração, respeitando. E a vizinhança sempre agradece pelo evento no dia seguinte. Não tem preço. E o Irajá é um ambiente festeiro que andava carente, precisa de mais alegria".