O tempo não dá tempo - Renato Mangolin
O tempo não dá tempoRenato Mangolin
Por BRUNNA CONDINI

Rio - Estreia amanhã,às 20h, no Teatro Oi Futuro, no Flamengo, o espetáculo 'O Tempo não dá Tempo', com direção da premiada Duda Maia e criação colaborativa na dramaturgia, da própria Duda, de Gonçalo M. Tavares e do elenco. A peça conta também com a colaboração de Gregorio Duvivier. "Foi um convite da maravilhosa Duda Maia, de quem sou fã. Ela chamou para municiá-los de texto, e é o que faço", diz.

Em seu primeiro trabalho de dramaturgia para teatro, Gregorio aborda a passagem do tempo."Gosto muito da diversidade do desafio. Acho que se eu só escrevesse para o jornal ou só poesia ou só para o 'Porta' ('dos Fundos', coletivo de humor), cansaria muito rápido", garante, e completa:

"O barato todo é que cada gênero traz novos desafios e propostas de conteúdo. Assunto é uma coisa que às vezes é difícil de encontrar,e quando alguém já te dá... Adoro trabalhar por encomenda, é muito inspirador".

Numa montagem itinerante, que ocupará o teatro, as escadas, o café, o terraço, o elevador e outros espaços do centro cultural no Flamengo, diferentes gerações de atores se reuniram: a bailarina e coreógrafa Angel Vianna, celebrando 90 anos de vida, Ciro Sales, Juliana Linhares, Marina Vianna e Oscar Saraiva.

"Uma coisa que me inspirou a escrever para este espetáculo é o elenco que acho maravilhoso, diverso e potente. Para começar a Angel, nossa maior referência na dança brasileira viva. Formou e inventou tantos profissionais. Vê-la no palco é emocionante. Fora isso, as novas gerações de atores e autores", comenta.

E aproveita para fazer graça falando sobre a autoria do texto: "Na verdade, é muita cara de pau dizer que fiz o texto. Só fiz uma colaboração, como todos os atores fizeram. É uma peça que partiu do elenco. Fala muito deles".

GERAÇÕES EM CENA

Duda Maia observa a emoção de montar 'O Tempo não dá Tempo'.

"A participação da Angel é emocionante, e navega no espaço entre a intérprete e a mestra. Além disso, é muito significativo ter em cena um espetáculo que fala sobre tempo, com várias gerações. A Angel faz fazer 90 anos esse ano, e em cena, brinca como criança. É arrebatador", revela. "O espetáculo é muito físico, de teatro dança, muito sensorial. Não escrevi nada, mas usei alguns textos do Gregório como estímulo para criar uma cena corporal, daí a dramaturgia deixa de ser palavra e passa a ser movimento", esclarece.

Inspirada, Duda analisa o tema do trabalho.

"Tratamos do tempo presente, do tempo físico. Primeiro de um tempo do dia a dia que nos atropela, que nos faz solitários, que muitas vezes nos traz desconforto. Em contraponto, com o tempo da maturidade, que nos acalma, que nos faz ser criança de novo. Digo que é o tempo da delicadeza, para mim, o mais necessário pro mundo, atualmente".

Você pode gostar
Comentários